Candidata assassinada durante acção de campanha no México

Pelo menos 80 candidatos e 28 familiares de políticos mexicanos já foram mortos na campanha para as eleições de 6 de Junho. Movimento Cidadão perde o seu terceiro dirigente em menos de duas semanas.

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Na segunda-feira foi morto o director da Polícia Preventiva de Sinaloa, Joel Ernesto Soto Samuel Inzunza/EPA

Alma Barragán, candidata à presidência de Moroléon, um município de 50 mil habitantes no estado mexicano de Guanajuato, foi assassinada a tiro durante uma acção de campanha, num ataque que deixou ainda dois feridos. Este é o terceiro assassínio de políticos do mesmo partido, o Movimento Cidadão, em menos de duas semanas.

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Alma Barragán, candidata à presidência de Moroléon, um município de 50 mil habitantes no estado mexicano de Guanajuato, foi assassinada a tiro durante uma acção de campanha, num ataque que deixou ainda dois feridos. Este é o terceiro assassínio de políticos do mesmo partido, o Movimento Cidadão, em menos de duas semanas.

A candidata publicou um vídeo na sua página de Facebook onde dizia onde estava e convidava os habitantes a juntar-se. “Se querem acompanhar-me, venham ouvir as minhas propostas e conviver. Muita obrigada, aqui vos espero.” Pouco depois, chegavam vários homens armados.

A 6 de Junho os mexicanos serão chamados a votar para preencher cerca de 20 mil cargos, incluindo 15 governadores e os membros da Câmara dos Deputados e dos congressos locais. A 14 de Maio, outro candidato do Movimento Cidadão, Abel Murrieta, de Cajeme, no estado de Sonora, foi igualmente assassinado durante um comício. E no último domingo foi encontrado morto Arturo Flores Bautista, candidato a presidente da câmara de Landa de Matamoro, em Querétaro – neste caso há um suspeito, Emmanuel Trejo, irmão do candidato rival do PRI (Partido Revolucionário Institucional, de centro-direita), Jonathan Trejo Ramírez.

Quando falta ainda publicar os últimos dados mensais, as vítimas desta campanha já ultrapassam as das últimas eleições (2018), escreve o jornal espanhol El País: para além de 80 mortes entre candidatos, registam-se mais de 500 agressões a políticos, um aumento de 64% em relação ao mesmo período de 2018. Outros dados, estes recolhidos pela consultora Etellekt, mostram que 28 familiares de políticos foram mortos nesta campanha até ao fim do mês de Abril.

Segundo o presidente da Etellekt, nem todas estas mortes estão ligadas ao narcotráfico, como muitas vezes se pensa: “São muitos os interesses económicos e de poder que estão em jogo nestas cidades, onde chefes criminosos não querem perder a posição dominante”, escreve o diário. Por isso mesmo, a maioria das vítimas são candidatos que aspiram a derrotar o partido que está no poder.

Para além dos assassínios e das ameaças, muitas vezes públicas (feitas por rivais) e tendo como alvo os próprios candidatos ou membros das suas famílias, também os sequestros continuam a ser comuns em tempo de eleições. Arturo Flores Bautista tinha sido sequestrado uns dias antes de ser encontrado morto. E ainda na terça-feira, Omar Plancarte, candidato do Partido Verde Ecologista do México, foi obrigado a subir para um carro quando saía de uma das suas propriedades no município de Villa Jiménez, em Uruapan, uma das cidades mais violentas do México, no estado de Michoacán, e continua desaparecido.