Reacendem-se as guerras do streaming: o estúdio MGM é agora da Amazon
Negócio de sete mil milhões de euros é o segundo maior da história da gigante tecnológica e visa reforçar a sua corrida à liderança no mercado das plataformas on demand.
Depois de dias de rumores e em pleno reacender das “guerras do streaming”, a gigante tecnológica Amazon comprou o histórico estúdio MGM por sete mil milhões de euros. A jogada da Amazon posiciona-a para competir com a Netflix pela liderança do mercado do streaming graças ao vasto catálogo que está agora a adquirir. A compra da MGM, nascida Metro Goldwyn Mayer em 1924, dar-lhe-á acesso aos filmes de James Bond, Rocky, A Pantera Cor-de-Rosa e a séries como Fargo, The Handmaid’s Tale ou Vikings.
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Depois de dias de rumores e em pleno reacender das “guerras do streaming”, a gigante tecnológica Amazon comprou o histórico estúdio MGM por sete mil milhões de euros. A jogada da Amazon posiciona-a para competir com a Netflix pela liderança do mercado do streaming graças ao vasto catálogo que está agora a adquirir. A compra da MGM, nascida Metro Goldwyn Mayer em 1924, dar-lhe-á acesso aos filmes de James Bond, Rocky, A Pantera Cor-de-Rosa e a séries como Fargo, The Handmaid’s Tale ou Vikings.
“O verdadeiro valor financeiro deste negócio é a arca do tesouro que é a propriedade intelectual do vasto catálogo que planeamos reimaginar e desenvolver com a equipa da MGM”, disse esta quarta-feira o vice-presidente da Amazon Prime Video e dos Amazon Studios, Mike Hopkins, em comunicado. A Amazon vê o precioso acervo da MGM, recheado de clássicos e com acesso a produções de vários canais sob sua responsabilidade, como uma actividade complementar à produção de séries originais em que se baseia a sua principal aposta no mercado do streaming.
Este é o segundo maior negócio de aquisição da história da Amazon, suplantando o valor que a empresa pagou pelos supermercados Whole Foods. O New York Times detalha que, apesar de delapidada, a MGM conseguiu um óptimo preço e que a Amazon pagou bem mais do que outras interessadas na aquisição, como a Apple – mais 40%. O regulador tem ainda de se pronunciar sobre esta aquisição, sobretudo à luz de legislação recente antimonopólio nos EUA.
A Amazon Prime Video – parte do serviço Amazon Prime, que assegura entregas mais rápidas dos bens vendidos pela loja online fundada por Jeff Bezos – é uma das principais marcas no competitivo mercado do streaming mundial, reivindicando ter tido 175 milhões de espectadores para as suas séries e filmes em 2020. Revolucionado pela Netflix, pioneira e líder de mercado com 207 milhões de subscrições, este é um terreno de concorrência cada vez mais feroz, o que tem forçado grandes estúdios ou grupos de media como a Disney (que lançou a Disney+, já com 100 milhões de assinantes) ou a Warner (que detém a HBO Max e seus congéneres internacionais, como a HBO Portugal) a desdobrarem-se em plataformas de streaming baseadas na exclusividade do seu catálogo ou a concentrarem-se em conglomerados de telecomunicações, cinema ou TV para lutar por mais subscritores. O exemplo mais recente, da semana passada, foi a fusão da AT&T com a Discovery, que as juntou à WarnerMedia.
À produção original da Prime Video e da Amazon Studios, com séries como The Underground Railroad, de Barry Jenkins, ou a premiada The Marvelous Mrs. Maisel, e filmes como O Som do Metal, Uma Noite em Miami... ou Manchester by the Sea, o gigante do retalho online vai juntar verdadeiros clássicos como O Feiticeiro de Oz (1939), E Tudo o Vento Levou (1939) ou West Side Story (1961), além dos filmes do agente 007 (parcialmente detidos por Barbara Broccoli e Michael G. Wilson) e de O Hobbit – a Amazon tem em curso uma produção milionária de uma série baseada no universo de O Senhor dos Anéis.
O catálogo da MGM, um dos grandes estúdios da era de ouro de Hollywood caído em desgraça no final da primeira década do século XXI, inclui mais de quatro mil títulos e 17 mil horas de televisão. Um negócio anterior alienou alguns dos clássicos supracitados, bem como todos os seus valiosos títulos feitos antes de 1986, como assinala o New York Times, mas a revista especializada Hollywood Reporter garante que estão incluídos nesta grande operação a par de outros incontornáveis como Touro Enraivecido (1980) ou Silêncio dos Inocentes (1991).
Em 2010, a MGM apresentou o seu pedido de falência, tendo sido detida até hoje por um conjunto de fundos de investimento. O futuro da sua actividade de produção, muito desfalcada nos últimos anos, e o seu posicionamento quanto às estreias em sala – um campo de batalha antes, durante e seguramente no pós-pandemia – são ainda incógnitas. Na calha, a MGM tem o biopic de Aretha Franklin Respect e o novo Paul Thomas Anderson, além do 25.º filme Bond.