Vacinação dos maiores de 40 e de 30 anos vai começar ao mesmo tempo em todo o país
Secretário de Estado disse que em Lisboa e Vale do Tejo maiores de 40 anos começam a ser vacinados em 6 de Junho e maiores de 30 anos em 20 de Junho. Coordenador da task force do plano de vacinação esclarece que isso está planeado para todo o país.
O arranque da vacinação dos maiores de 40 anos a partir de 6 de Junho e dos maiores de 30 anos a partir de 20 de Junho em Lisboa e Vale do Tejo — que foi nesta terça-feira anunciado pelo secretário de Estado adjunto e da Saúde — não vai afinal acontecer apenas nesta região, mas sim em todo o país, esclareceu mais tarde o coordenador da task force para o plano de vacinação, vice-almirante Henrique Gouveia e Melo.
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O arranque da vacinação dos maiores de 40 anos a partir de 6 de Junho e dos maiores de 30 anos a partir de 20 de Junho em Lisboa e Vale do Tejo — que foi nesta terça-feira anunciado pelo secretário de Estado adjunto e da Saúde — não vai afinal acontecer apenas nesta região, mas sim em todo o país, esclareceu mais tarde o coordenador da task force para o plano de vacinação, vice-almirante Henrique Gouveia e Melo.
“Estas são datas indicativas de planeamento para todo o continente”, precisa Gouveia e Melo, sublinhando que o plano de vacinação “é nacional”. “A minha visão é de país e não é de região A, B ou C”, assegurou.
A “aceleração do processo de vacinação” em Lisboa e Vale do Tejo (LVT) foi adiantada pelo secretário de Estado adjunto e da Saúde, António Lacerda Sales, numa conferência de imprensa em que foram anunciadas medidas de reforço específicas para esta região, onde a situação epidemiológica se agravou. Lisboa e Vale do Tejo está “ligeiramente mais atrasada na vacinação” em comparação com outras regiões, tendo agora 32% da população com pelo menos uma dose já administrada e 14% com a vacinação completa, justificou.
O último relatório semanal da vacinação da Direcção-Geral da Saúde (com dados até domingo passado) indica, de facto, que o Alentejo e o Centro são as regiões em que a vacinação cobre uma maior percentagem da população, com 41% e 40% da população já com a primeira dose, respectivamente. Além de LVT, o Norte está também mais atrasado, com 34% da população com pelo menos uma dose da vacina e 15% com o processo concluído. Mas o Algarve é a região do continente mais atrasada — 31% da população tomou a primeira dose e 15% tem a vacinação completa.
O que o coordenador da task force confirmou é que a vacinação em Lisboa e Vale do Tejo vai, de facto, ser reforçada, uma vez que está atrasada em relação a outras regiões do país, como o Alentejo e o Centro, porque estas têm mais idosos e o critério tem sido o de vacinar por faixas etárias decrescentes. Lembrou, aliás, que isto mesmo já está a ser feito no Algarve e adianta que vai haver igualmente um reforço de vacinas no Norte. “Estou a puxar pelo Algarve e vou puxar por Lisboa e Vale do Tejo e pelo Norte”, disse. Mas estes reforços vão servir para acelerar a vacinação nas faixas etárias que estão actualmente a ser vacinadas, as dos maiores de 55 anos.
“O nosso plano é nacional e estamos a recuperar as regiões [percentualmente] mais atrasadas e isto também vai incluir o Norte. A ideia é ter sempre as regiões equilibradas, porque é o mais justo. Quando se fala em acelerar, é dar mais vacinas, mas mantendo a mesma programação etária”, frisou.
O Governo também esclareceu entretanto no Twitter, ao final da noite de terça-feira, que “foi decidida a aceleração da vacinação a nível nacional —pessoas com mais de 40 anos a partir do dia 6/6 e pessoas com mais de 30 anos a partir de dia 20/6” devido “ao bom ritmo do plano de vacinação anticovid-19 e da disponibilidade de vacinas”. As datas são para “todo o território continental”.
Autarcas protestam
As reacções ao anúncio do secretário de Estado não tardaram. Ainda antes de o vice-almirante ter esclarecido que LVT não será excepção, o presidente da Câmara do Porto, Rui Moreira, criticou com dureza a estratégia anunciada por Lacerda Sales.
Num vídeo publicado na página oficial da Câmara Municipal do Porto, Rui Moreira reclamou um tratamento equitativo para todo o país e acusou o Governo de beneficiar o “infractor" por decidir acelerar a vacinação em Lisboa e Vale do Tejo, na sequência do aumento do número de novos casos e do índice de transmissibilidade — R(t) — na região.
“Não pode haver dois países, não pode haver um país e depois haver Lisboa. Tem de haver um único país e nós temos de exigir um tratamento igual para o todo nacional”, protestou, considerando que não se podem alterar regras em função de circunstâncias, prejudicando a “unidade nacional”.
Luís Paulo Costa, presidente da Câmara Municipal de Arganil (Coimbra), um dos concelhos que não avançaram no processo de desconfinamento e que continua com as regras da fase de 19 de Abril, também defendeu que a antecipação da vacinação contra a covid-19 em Lisboa não deveria ser exclusiva da capital. “Se vão antecipar, então também já deviam ter antecipado em Arganil”, disse ao PÚBLICO.
Se o avanço no aligeirar das medidas de combate à pandemia é medido “a régua e esquadro”, a mesma regra dever-se-ia aplicar também à vacinação, exigiu. “Se ao mesmo tempo definem uma regra universal de 240 casos por 100 mil habitantes nos últimos 14 dias (que dá resultados totalmente distorcidos em concelhos com uma baixa densidade demográfica, como é o caso de Arganil), acho que na vacinação, por maioria de razão, tinham de seguir a mesma regra.”
Auto-agendamento para maiores de 50 aberto esta semana
O acelerar do ritmo de vacinação já estava previsto no plano nacional de vacinação contra a covid-19. O coordenador da task force recorda que este plano tinha dois pilares e metas básicas — salvar vidas, o que implicou vacinar as pessoas mais idosas e mais vulneráveis, e garantir a resiliência do Estado, imunizando os profissionais de áreas mais sensíveis — que estão praticamente atingidos. Agora, “o que se pretende na próxima fase é tentar tirar o oxigénio à pandemia” e isso passa por vacinar com a maior rapidez possível toda a população, acelerando a campanha em “locais que ficaram para trás e ainda têm muitos susceptíveis [não vacinados]”, explicou.
Assim, a abertura da vacinação aos maiores de 40 e 30 anos vai ser antecipada já para o próximo mês e vai ocorrer em simultâneo com a de uma parte dos maiores de 50 anos, como já foi anunciado. A task force tenciona, aliás, abrir a possibilidade de auto-agendamento no portal online criado para o efeito para os maiores de 50 anos já esta semana e, em Junho, o mesmo vai acontecer para os maiores de 40 e de 30 anos.
Gouveia e Melo especificou, a propósito, que o que está planeado é abrir o auto-agendamento para os maiores de 40 anos na semana seguinte, o que significa que estes começam a ser vacinados, “em velocidade cruzeiro, em 13 de Junho”, mas, uma semana antes, a 6 de Junho, “através do agendamento local” (a cargo dos centros de saúde), começa-se logo a vacinar este grupo.
Já a vacinação dos maiores de 30 anos arrancará, também em velocidade cruzeiro e se tudo correr como previsto, “na última semana de Junho”, ainda que comece na prática uma semana antes, através do agendamento local.
O calendário do coordenador da task force está definido: Gouveia e Melo quer ter a maior parte do grupo etário dos 50 anos vacinada na terceira semana de Junho, o dos 40 anos até à segunda semana de Julho e o dos 30 anos até à primeira semana de Agosto. Se as entregas das vacinas não se atrasarem, acredita mesmo que será possível abrir o auto-agendamento do grupo dos 20 anos já na última semana de Julho, para arrancar com a sua vacinação durante Agosto.
com Daniela Carmo