Líder do CDS: “Precisamos de uma direita forte e não de uma obsessão pelo centro”

Francisco Rodrigues dos Santos acusou os socialistas de serem “verdadeiros os Donos Disto Tudo”

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Francisco Rodrigues dos Santos mostrou abertura para o diálogo à direita Nuno Ferreira Santos

O líder do CDS defendeu uma “direita forte” para “combater a esquerda” e “não [com] uma obsessão pelo centro que a desvirtua”, uma mensagem que é um recado directo a Rui Rio. Francisco Rodrigues dos Santos falava no encerramento do primeiro dia da III convenção do Movimento Europa e Liberdade (MEL), que decorre no centro de congressos de Lisboa e é também transmitida online

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O líder do CDS defendeu uma “direita forte” para “combater a esquerda” e “não [com] uma obsessão pelo centro que a desvirtua”, uma mensagem que é um recado directo a Rui Rio. Francisco Rodrigues dos Santos falava no encerramento do primeiro dia da III convenção do Movimento Europa e Liberdade (MEL), que decorre no centro de congressos de Lisboa e é também transmitida online

“Para combater a esquerda, precisamos de uma direita forte. Não precisamos de uma obsessão pelo centro, que a desvirtua por ser uma ideologia de fachada e que faz fretes ao PS. Querer ser apenas do centro é querer ser tudo e o seu contrário, tudo ao mesmo tempo e, no final de contas não é ser coisa rigorosamente nenhuma”, afirmou, defendendo que esse posicionamento permite “à esquerda continuar no poder”.

O líder do CDS começou o seu discurso por cumprimentar o antigo primeiro-ministro do PSD, Pedro Passos Coelho, e disse associar-se “à admiração da plateia" pela sua figura como “representante da direita”, agradecendo por ter aguardado pela sua intervenção.

Numa convenção em torno da convergência das direitas, a farpa pode ser entendida como sendo dirigida ao líder do PSD, que tem posicionado o partido ao centro. “O centro ideológico não existe e confunde-se com o poder pelo poder. Um partido que pretende representar a direita popular, tem de começar por não fazer concessões à esquerda. Tem de começar por dizer que é de direita para um dia ser a direita em Portugal”, afirmou.

Apesar do recado ao líder do partido que é o parceiro natural do CDS, Francisco Rodrigues dos Santos deixou uma mensagem de diálogo. “Saibamos continuar a conversar entre nós, a combater as limitações que nos querem impor, a examinar as dificuldades e as preocupações dos portugueses”, disse.

Num discurso com fortes críticas à governação socialista, o líder do CDS defendeu que “Portugal precisa de uma direita forte para retirar o país do declínio em que se encontra” e acrescentou que “só é possível construir uma direita forte com um CDS forte”.

Com as sondagens a apontarem o desgaste do partido ao mesmo tempo que dão perspectivas mais animadoras para o Chega e a Iniciativa Liberal, Rodrigues dos Santos considerou que “o espaço do CDS é insubstituível: aqueles que procuram o CDS fora do CDS não o vão encontrar”.

Sem se referir mais concretamente a alianças partidárias, o líder do CDS lembrou que o partido “já demonstrou por várias vezes estar preparado para governar e endireitar Portugal” e que “mais uma vez está pronto para elevar bem alto o nome de Portugal e dos portugueses”.

Nesse sentido, prometeu “ligar a direita às pessoas, a todas as pessoas que nos vão dar de novo maiorias absolutas para governar Portugal”, reiterando que vai colocar “o Partido Popular no lugar que merece e que sempre foi o seu – à direita e na direita que serve a Portugal”.

Na sua intervenção com 11 páginas, o líder do CDS considerou que o socialismo “tem dividido o Estado pelos amigos, tem afogado a classe média e as empresas em impostos e tem atrasado o desenvolvimento económico e social”.

Na mesma linha do líder da Iniciativa Liberal, João Cotrim de Figueiredo, que considera que o PS tem o Estado como “refém dos seus interesses”, Rodrigues dos Santos aponta os socialistas como “os verdadeiros Donos-Disto-Tudo” e como os que “tratam o Estado como se fosse a sua casa”.