A livraria de Shaban Esleem ficou em ruínas. Agora, o palestiniano espera reconstruí-la com a ajuda de crowdfunding
Uma campanha de crowdfunding angariou 130 mil dólares para ajudar Shaban Esleem a reconstruir e reabrir a sua livraria, em Gaza.
Para Shaban Esleem, o compromisso de reconstruir a sua livraria, em Gaza, após a mesma ter sido destruída num ataque aéreo israelita, na semana passada, está escrito na pedra. “Vou começar de novo. Vou começar por baixo e crescer”, prometeu o palestiniano, ao lado das pilhas de pedras do que outrora foi um edifício de quatro andares na rua Talateen, em Gaza.
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Para Shaban Esleem, o compromisso de reconstruir a sua livraria, em Gaza, após a mesma ter sido destruída num ataque aéreo israelita, na semana passada, está escrito na pedra. “Vou começar de novo. Vou começar por baixo e crescer”, prometeu o palestiniano, ao lado das pilhas de pedras do que outrora foi um edifício de quatro andares na rua Talateen, em Gaza.
A estrutura, disse Shaban, albergava a sua livraria, onde vendia títulos em árabe e línguas estrangeiras, o negócio de livros de um concorrente, uma gráfica, um apartamento e centros educativos e linguísticos. Aos 33 anos, vasculha por entre as pilhas de pedra, recolhendo os livros que restaram para guardar como recordação, inclusive os que foram rasgados e queimados.
Segundo os proprietários do edifício, Israel deu um aviso prévio do ataque aéreo. Os piores onze dias de hostilidade, em anos, entre o Hamas e Israel terminaram na última sexta-feira, 21 de Maio, com um cessar-fogo que parece manter-se.
Uma campanha na plataforma GoFundMe, iniciada no estrangeiro por um apoiante de Esleem que o viu numa entrevista, angariou mais de 130 mil dólares (cerca de 106 mil euros) para o ajudar a reconstruir e reabrir a livraria.
“Ainda não consegui ter acesso ao dinheiro e pode ser difícil trazer esta quantia para Gaza”, diz Esleem, manifestando a preocupação de que o bloqueio de longa data de Israel ao enclave possa dificulta a recepção dos fundos. Israel alega preocupações de segurança com as restrições a Gaza, às quais os palestinianos chamam punição colectiva.
Ramadan El-Njaily, proprietário de uma empresa e de um apartamento no edifício bombardeado, colocou um sinal nos escombros que resumia o seu desespero. “Roya Print-House, tivemos um sonho aqui, e eles mataram-no”, lê-se.
Israel diz que tentou evitar vítimas civis ao atacar os militantes do Hamas, avisando quando estava prestes a atacar edifícios residenciais que, alegadamente, também seriam usados para fins militares.
Njaily, de 35 anos, diz ter deixado o apartamento dois dias antes de este ter sido destruído, temendo pela vida depois de um ataque aéreo israelita ter atingido a estrada à frente do edifício. Agora, o seu filho de três anos vive com a avó e o próprio Njaily muda-se, diariamente, de casa em casa de amigos. “Perdi tudo”, diz.