EUA prometem apoiar Gaza “sem beneficiar” o Hamas

O secretário de Estado norte-americano, Antony Blinken, está no Médio Oriente para reafirmar o apoio internacional à reconstrução da Faixa de Gaza, ao mesmo tempo que tenta reforçar o isolamento do movimento islâmico.

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Antony Blinken com o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu Reuters/POOL

Após cinco dias de tréguas na Faixa de Gaza entre as milícias islamistas do Hamas e o Exército de Israel, o secretário de Estado norte-americano, Antony Blinken, chegou a Jerusalém para anunciar que os EUA vão coordenar um plano internacional com vista à reconstrução do território palestiniano. Blinken não avançou pormenores, mas sublinhou que um dos objectivos é deixar o Hamas à margem de qualquer tipo de ajuda humanitária e de financiamento.

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Após cinco dias de tréguas na Faixa de Gaza entre as milícias islamistas do Hamas e o Exército de Israel, o secretário de Estado norte-americano, Antony Blinken, chegou a Jerusalém para anunciar que os EUA vão coordenar um plano internacional com vista à reconstrução do território palestiniano. Blinken não avançou pormenores, mas sublinhou que um dos objectivos é deixar o Hamas à margem de qualquer tipo de ajuda humanitária e de financiamento.

“Sabemos que para prevenir um regresso da violência temos de usar o espaço criado [pelo cessar-fogo] para enfrentar uma série de desafios subjacentes”, disse o responsável pelos Negócios Estrangeiros na Administração Biden, esta terça-feira, no final de um encontro com o primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu.

“Temos de começar por dar uma resposta à grave situação humanitária em Gaza através da reconstrução [do território]”, disse Blinken, salientando que os EUA e os seus aliados internacionais “têm de garantir que o Hamas não vai beneficiar da ajuda à reconstrução”.

Ao seu lado, Netanyahu ameaçou dar “uma resposta poderosa” a qualquer novo ataque lançado pelo Hamas a partir da Faixa de Gaza.

Conflitos internos

Esta é a primeira visita de Blinken ao Médio Oriente na qualidade de secretário de Estado dos EUA, numa viagem que vai levá-lo ainda ao Egipto e à Jordânia até quinta-feira.

Antes disso, esta terça-feira, o responsável da Administração Biden passou por Ramallah, na Cisjordânia, para se encontrar com o presidente da Autoridade Nacional Palestiniana, Mahmoud Abbas.

O encontro entre Blinken e Abbas serviu para os EUA reafirmarem o seu apoio à Autoridade Palestiniana como único interlocutor legítimo de Israel e para reforçar a marginalização do Hamas – o movimento que detém o poder na Faixa de Gaza e que é considerado uma organização terrorista pelos EUA e pela União Europeia.

No final do seu encontro com Netanyahu, Blinken não entrou em pormenores sobre as medidas que tenciona implementar para afastar o Hamas do plano de reconstrução da Faixa de Gaza, que é controlado pelo movimento islâmico.

Nas declarações que fez aos jornalistas, Blinken reconheceu que não há condições no terreno para um regresso imediato às negociações de fundo entre Israel e a Autoridade Palestiniana, que colapsaram em 2014. Nos últimos anos, a Administração Trump cortou o apoio aos palestinianos e aprovou medidas – como o reconhecimento de Jerusalém como capital de Israel – que enfraqueceram ainda mais a Autoridade Palestiniana.

A par da instabilidade política em Israel – com quatro eleições inconclusivas nos últimos dois anos –, a rivalidade entre a Autoridade Palestiniana e o Hamas impossibilita o reatamento de negociações mais abrangentes a curto prazo.

Durante 11 dias, entre 10 de Maio e a última sexta-feira, os bombardeamentos incessantes das forças israelitas na Faixa de Gaza mataram 253 palestinianos – entre combatentes do Hamas e civis, incluindo crianças – e fizeram mais de 1900 feridos. Do outro lado, no território de Israel, 13 pessoas morreram na sequência do disparo de rockets pelo Hamas, de forma directa ou no pânico causado pelos ataques palestinianos.