Novo estudo sobre vírus da dengue pode possibilitar criação de futuras vacinas

À semelhança dos casos de covid-19, provocados pelo coronavírus SARS-CoV-2, a dengue pode ser assintomática ou desenvolver uma doença grave que pode ser fatal.

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Objectivo deste estudo era encontrar biomarcadores e previsões de respostas clínicas e imunitárias à infecção por dengue Ricardo Lopes

Um estudo publicado esta terça-feira, na revista Nature Communications, relata a descoberta de novos possíveis biomarcadores para prever respostas clínicas e imunitárias à infecção por dengue, avanço que poderá ser fundamental para futuras vacinas.

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Um estudo publicado esta terça-feira, na revista Nature Communications, relata a descoberta de novos possíveis biomarcadores para prever respostas clínicas e imunitárias à infecção por dengue, avanço que poderá ser fundamental para futuras vacinas.

O objectivo deste estudo, conduzido por Sean Diehl (professor associado do Departamento de Microbiologia e Genética Molecular  (MMG, na silga em inglês) da Universidade de Vermont, nos Estados Unidos), era encontrar biomarcadores e previsões de respostas clínicas e imunitárias à infecção por dengue, que totalizou, em 2019, 400 milhões de casos. À semelhança dos casos de covid-19, provocados pelo coronavírus SARS-CoV-2, a dengue pode ser assintomática ou desenvolver uma doença grave que pode ser fatal.

Com as alterações climáticas, vírus que se encontravam limitados a áreas tropicais, como Sudeste asiático e América latina, passaram a estar presentes em regiões como a Europa ou o Sul dos Estados Unidos. Actualmente, apenas uma vacina, a Dengvaxia, foi aprovada para um subconjunto de pessoas em situação de risco em áreas endémicas.

Em investigações anteriores, Sean Diehl e a presidente do MMG, Beth Kirkpatrick, demonstraram que a vacina que está a ser desenvolvida em conjunto com a Universidade Johns Hopkins e com institutos nacionais de saúde de vários países activa uma resposta imunitária que protege contra a dengue, noticia a agência espanhola Efe. A fórmula utiliza a técnica do vírus enfraquecido, que serve de base para as vacinas mais eficazes contra muitas doenças virais.

No estudo, os investigadores combinaram dados genómicos com dados clínicos recolhidos durante o acompanhamento dos sujeitos expostos ao vírus da dengue. A equipa encontrou fortes correlações entre a activação de genes imunitários específicos e a capacidade dos sistemas imunitários dos participantes para activar mecanismos de defesa celular precoces e produzir anticorpos protectores contra o vírus.

Estes dados oferecem novos potenciais biomarcadores para caracterizar a infecção pelo vírus da dengue, assim como novas vias que poderão ser exploradas para combater a replicação viral. “Estes resultados também nos deram algumas pistas sobre como podemos ser capazes de aumentar as repostas imunitárias de protecção, que é o objectivo de desenvolver vacinas eficazes”, referiu Sean Diehl, citado pela Efe.

Os dois cientistas estão também debruçados sobre a duração da imunidade após a administração da vacina, uma vez que, segundo a presidente do MMG, “o objectivo de uma boa vacina é conseguir uma resposta imunitária protectora duradoura”. A dengue é uma doença infecciosa transmitida pelos mosquitos Aedes aegypti e Aedes albopictus.