A dádiva do desporto
Desde 2013 que concilio a prática desportiva, mais concretamente de basquetebol, com os estudos. Nunca precisei de faltar a um treino para ficar a estudar, e isso explica a premissa desta crónica – não é a falta de tempo, é a falta de motivação ou gestão desse tempo.
Faço parte daquele grupo de pessoas que já experimentou de tudo um pouco no que toca ao desporto, mas, ao contrário daquilo que creio ser a grande maioria, um amor sem precedentes fez-me ficar. O desporto é muitas das vezes encarado como actividade de lazer, não lhe sendo atribuído a devida seriedade. A disciplina não deve, de modo algum, tirar o fascínio pelas coisas. Tal como na vida académica, há momentos de aprendizagem e de descontracção. O desporto fez de mim quem sou. É uma educação para a vida.
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Faço parte daquele grupo de pessoas que já experimentou de tudo um pouco no que toca ao desporto, mas, ao contrário daquilo que creio ser a grande maioria, um amor sem precedentes fez-me ficar. O desporto é muitas das vezes encarado como actividade de lazer, não lhe sendo atribuído a devida seriedade. A disciplina não deve, de modo algum, tirar o fascínio pelas coisas. Tal como na vida académica, há momentos de aprendizagem e de descontracção. O desporto fez de mim quem sou. É uma educação para a vida.
Os mais novos tendem a “saltar” de modalidade em modalidade e acabam afastados do desporto. Formamos jovens que não sabem lidar com o erro, nem com a disciplina. Após o primeiro treino, a pergunta é: “Gostaste?”. Os pais colocam essa pressão quando gostar é um processo – aprende-se a gostar – e é normal que uma criança na sua tenra idade não saiba bem do que gosta.
São poucos os pais que estão cientes dos benefícios do desporto e das ferramentas que dá para as mais variadas vertentes e etapas da vida. Isso vê-se quando o mais importante para eles são os resultados dos jogos ou a rigidez do treinador. Louvo os treinadores que conseguem criar, desde cedo, equipas consistentes, os que, mais, não perderam a “rapaziada” durante esta pandemia. São estas equipas que costumam ir longe. Crianças e jovens são o pilar dos clubes e a alegria dos treinadores em horas vagas.
Desde 2013 que concilio a prática desportiva, mais concretamente de basquetebol, com os estudos. Nunca precisei de faltar a um treino para ficar a estudar, e isso explica a premissa desta crónica – não é a falta de tempo, é a falta de motivação ou gestão desse tempo. É claro que, depois de um dia de aulas, é difícil chegar a casa, comer à pressa, vestir o equipamento e partir em viagem, mas isso torna-se fácil quando existem objectivos. Não há motivação sem objectivos, ninguém luta sem um propósito.
No meu caso, a motivação foi sempre a “fome” de ganhar, esse vício. Sei que não é o mais importante, porém, é o que me prende. Prende-me há oito anos. Em tom de brincadeira – quem é que gosta de perder? Mas faz parte.
Recentemente recebi um e-mail a informar sobre a retoma do basquetebol universitário no estabelecimento de ensino que frequento. Esperava-o há meses e, não para meu espanto, a alegria foi a de uma criança quando lhe fazem as vontades. Aqueles treinos, embora apenas à segunda-feira, são um agradável “mundo novo”. Nunca gostei tanto de segundas-feiras, devo confessar. Entre o suor excessivo por meses de paragem, vê-se a felicidade nos rostos, uma vontade imensa de convívio, união. “Estamos todos para o mesmo”, dizia.
É factual que a condição física e psicológica dos atletas, duas coisas que demoram meses, ou mesmo anos, a colocar nos moldes, teve um retrocesso, mas cada dia a menos é um dia a mais de treino. Além disso, não há um aspecto negativo na prática desportiva. Por experiência própria digo, com toda a convicção, que tem vindo a ajudar a atenuar as sequelas deixadas pela pandemia. Precisamos do desporto e ele precisa de nós.