Jordânia e Emirados oferecem-se para ajudar em negociações entre israelitas e palestinianos

Rei da Jordânia sublinha que falta “concretizar os direitos legítimos dos palestinianos”, ou seja, um Estado.

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Protestos palestinianos na Jordânia JEHAD SHELBAK/Reuters

O Rei Abdullah da Jordânia pediu este domingo esforços redobrados da diplomacia internacional “para que este cessar-fogo se traduza numa trégua duradoura” e que esta seja a base para o avançar de “uma solução política que concretize os direitos legítimos dos palestinianos”.

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O Rei Abdullah da Jordânia pediu este domingo esforços redobrados da diplomacia internacional “para que este cessar-fogo se traduza numa trégua duradoura” e que esta seja a base para o avançar de “uma solução política que concretize os direitos legítimos dos palestinianos”.

O Egipto e o Qatar, que tem ligações com o Hamas, lideraram o processo para o cessar-fogo que se mantém em vigor. A Jordânia, que assinou a paz em 1994 (o segundo país da região a fazê-lo a seguir ao Egipto em 1979), ofereceu “todas as suas relações diplomáticas e capacidades ao serviço da causa palestiniana”.

Os Emirados Árabes Unidos, que foram em Agosto de 2020 o primeiro de uma vaga de quatro países a assinar normalização de relações com Israel sob o patrocínio da Administração Trump, também se dispuseram a ajudar nos esforços de paz, para os quais será preciso “esforços adicionais, especialmente de líderes israelitas e palestinianos”.

Os Emirados argumentaram que este acordo iria acabar por beneficiar os palestinianos, algo que estes recusam. Até então, a posição da Liga Árabe era recusar qualquer normalização com Israel até ser concretizada uma solução de dois Estados.

Mesmo que recomece um processo de paz morto há muito, não é claro que líderes poderão negociar. Em Israel, o país político acompanha a par e passo fugas de informação e teorias dos partidos, quando parece cada vez menos provável que o líder da oposição Yair Lapid consiga formar o chamado “governo de mudança”. Parece que todos os líderes se estão a preparar já para o cenário em que o Parlamento votará e um candidato que tenha a maioria receberá o mandato para formar governo. Muitos comentadores dizem que o cenário de quintas eleições, que se realizariam, provavelmente, em Outubro, parece possível.

Do lado palestiniano, a liderança de Mahmoud Abbas está seriamente enfraquecida. Depois de não ter levado a cabo eleições (deveriam ter tido lugar há dias, caso não as tivesse desmarcado), eterniza-se no poder. A Autoridade Palestiniana, entidade de governo limitado e supostamente transitório saída dos Acordos de Oslo, que Abbas chefia, é vista como corrupta, e não como um meio para melhorar a vida das pessoas. O Hamas, com a intervenção inesperada que teve agora contra operações em Jerusalém, ganhou estatuto, pelo menos a curto prazo.

Enquanto isso, Gaza precisa de ajuda para reconstrução, com centenas de pessoas que ficaram sem casa, e sem acesso a materiais de reconstrução, que são limitados pelo bloqueio imposto por Israel (e pelo Egipto).

Onze dias de conflito deixaram 232 palestinianos mortos em Gaza, dos quais 66 crianças. Rockets lançados pelo Hamas e pela Jihad Islâmica a partir de Gaza mataram doze pessoas em Israel, das quais duas crianças.