O dia em que o Bloco deixou a janelinha do Zoom

No arranque da reunião, José Gusmão aconselhou os delegados a fixarem “o número da cadeira para amanhã [domingo] usarem a mesma”.

Fotogaleria

A XII Convenção Nacional do BE, que decorre até domingo, tem “menos calor humano e abraços” e mais regras sanitárias devido à pandemia de covid-19, mas possibilita, por momentos, “deixar o Zoom” e voltar à vida presencial.

A verdade faz-nos mais fortes

Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.

A XII Convenção Nacional do BE, que decorre até domingo, tem “menos calor humano e abraços” e mais regras sanitárias devido à pandemia de covid-19, mas possibilita, por momentos, “deixar o Zoom” e voltar à vida presencial.

No pavilhão onde decorre o encontro, em Matosinhos, os delegados ouvidos pela Lusa são unânimes: desde que todos cumpram o estipulado há poucas probabilidades de haver problemas porque está tudo “muito organizado”.

Satisfeitos por voltar à “versão presencial” e deixar a “janelinha do Zoom”, por um lado, os delegados mostram-se, por outro, saudosos de verem os corredores “cheios de gente a conversar, aos abraços e a rir”.

A pandemia é, além das referências críticas ao PS, a “marca dominante” desta convenção pelas alterações impostas pelas regras sanitárias, desde a redução do número de delegados — são apenas 343 —​, ao uso de máscara, distanciamento social, criação de corredores de circulações próprios para evitar contactos e sinalizações no chão.

A medição da temperatura é requisito obrigatório para entrar na convenção e assistir aos trabalhos e, a essa, “ninguém escapa” porque quem está incumbido dessa tarefa não o permite, duplicando, por vezes e por engano, essa mesma medição.

“Há circuitos independentes, ninguém se cruza, e o espaço é amplo”, disse à Lusa o bloquista Armindo Silveira, de Abrantes, no distrito de Santarém. Uma convenção “completamente diferente”, por ter menos pessoas e os delegados não terem secretárias, mas sim cadeiras com suportes, apontou.

Além de não haver mesas no pavilhão, como habitualmente, o local de cada cadeira está devidamente assinalado com quatro quadrados verdes no chão que definem onde têm de ficar os quatro pés de cada uma das cadeiras.

“Fixem o número da cadeira para amanhã [domingo] usarem a mesma e respeitem os sentidos de circulação”, pediu um dos presidentes da mesa, José Gusmão, no arranque dos trabalhos.

Recordou ainda que os delegados só podem tirar a máscara quando usarem da palavra no púlpito, não podem comer dentro da sala e, em caso de sintomas, devem informar o secretariado da convenção e abandonar imediatamente o recinto.

“Devemos ter todos os cuidados para evitar a propagação do vírus e, em termos de medidas de segurança sanitária, nada a apontar. Sinto-me totalmente seguro”, garantiu Eduardo Rocha, da Moita, no distrito de Setúbal. Os bloquistas não são negacionistas, acreditam na ciência, frisou.

Mas, apesar de concordar com as medidas adoptadas, Rita Sarrico, de Loures, no distrito de Lisboa, assume ter saudades de estar ao molho. “Não é o que estamos habituados, faz falta calor humano, estar aos montes”, confidenciou, para depois contar que na última convenção não conseguia atravessar os corredores sem abraçar alguém.