“Especulação sem o mínimo de fundamento”, diz Marcelo sobre saída de Costa para cargo europeu

Presidente da República participou no programa Geometria variável da Antena 1.

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Marcelo Rebelo de Sousa, Presidente da República LUSA/RUI OCHÔA/PRESIDÊNCIA DA REPÚ

O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, considerou nesta sexta-feira “uma especulação sem o mínimo de fundamento” a hipótese de António Costa sair das funções de primeiro-ministro a meio desta legislatura para assumir um cargo europeu, questão que já anteriormente se colocou"Vai para a Europa como?”, questionou.

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O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, considerou nesta sexta-feira “uma especulação sem o mínimo de fundamento” a hipótese de António Costa sair das funções de primeiro-ministro a meio desta legislatura para assumir um cargo europeu, questão que já anteriormente se colocou"Vai para a Europa como?”, questionou.

O Chefe de Estado, que falava no programa da Antena 1 Geometria variável, afirmou ainda a este propósito que o primeiro-ministro e secretário-geral do PS “é protagonista cimeiro de um projecto que assumiu perante o país, por uma legislatura”, e defendeu que “deve assumi-lo”.

Neste programa da jornalista Maria Flor Pedroso, questionado sobre se não receia que António Costa se vá embora para a Europa antes do fim da legislatura, Marcelo Rebelo de Sousa começou por retorquir: “Vai para a Europa como? Não sei como é que vai para a Europa. O primeiro-ministro está a pleitear, a defender um plano plurianual, tem repetido como é importante o cumprimento da legislatura. É fundamental a estabilidade e o cumprimento da legislatura também por razões europeias e, portanto, não vejo. Todas as especulações podem ser feitas e imaginadas. Mas essa aí parece uma especulação sem o mínimo de fundamento”, acrescentou.

De acordo com o Presidente da República, Portugal tem mantido “uma influência europeia” com António Costa e com “vários outros primeiros-ministros” anteriores. “Sucessivos chefes de Governo têm sido protagonistas dessa influência, que decorre de um mérito natural nosso: que é, primeiro, sermos europeístas viscerais, haver um consenso que ainda é muito forte em Portugal em relação à Europa, mesmo em tempos de crise e de crítica. Depois, nós temos, de facto, quadros excelentes. Isso é uma coisa”, apontou.

Logo de seguida, porém, realçou o contexto nacional em que António Costa se encontra: “Outra coisa, como é evidente, o primeiro-ministro é protagonista cimeiro de um projecto que assumiu perante o país, por uma legislatura, que tem uma envolvente europeia fundamental. Deve assumi-lo. É bom que disponha dos instrumentos, e os orçamentos são instrumentos importantes”.

Marcelo Rebelo de Sousa insistiu que “é fundamental que haja na área do poder mais diálogo entre os partidos que estão vocacionados para levar até ao fim a legislatura, para além das suas divergências, mas estão vocacionados para isso”, e que à direita “a alternativa reforce a capacidade de o ser, de forma crescente, porque isso é bom para a democracia portuguesa”.

O Chefe de Estado advertiu que “a indiferenciação convida à radicalização” e “enfraquecimento dos moderados”. No seu entender, “este vai ser o grande desafio até 2023”.

“Temos um contexto que é difícil, que é eleições todos os anos”, assinalou.

Quanto ao seu papel, defendeu que lhe cabe criar “as condições de consensos quando isso é possível e desejável” e estimular “o aparecimento de alternativa onde isso é crucial a nível governativo”, actuando “sem se deixar seduzir pela tentação dos segundos mandatos, que é de uma proactividade excessiva”. Interrogado se já está quase lá, recusou essa leitura: “Não, não, não, não”.

Segundo o chefe de Estado, os seus poderes constitucionais “chegam perfeitamente” e no exercício do cargo “tem de ter o equilíbrio de não lhe passar pela cabeça experiências partidárias, nem experiências para-partidárias, nem anti-partidárias, e por aí adiante — é só manter o equilíbrio e o bom senso nos anos que faltam até ao fim do mandato, e são muitos”.

Marcelo Rebelo de Sousa mencionou que o fim dos mandatos presidenciais “deveria ser o período da despedida fraternal e calma”, mas que “a prática tem mostrado que surgem factos que obrigam a intervenções intensas presidenciais, na pior altura para essas intervenções intensas”.

“O Presidente ganha em preservar a sua intervenção o mais possível para não depreciar aquilo que possa ser uma intervenção acrescida, se for necessária, em momentos críticos”, advogou.

Neste programa da jornalista Maria Flor Pedroso participam o antigo ministro da Defesa Nuno Severiano Teixeira e o ex-eurodeputado social-democrata Carlos Coelho.