Morreu o escritor espanhol Francisco Brines que viveu a homenagear a poesia

Poeta “das emoções e da tolerância”, prémio Cervantes 2020, morreu aos 89 anos.

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O escritor espanhol Francisco Brines, poeta das emoções e da tolerância, morreu esta quinta-feira, aos 89 anos, tendo vivido até ao último momento com “plenitude”, conforme o recordam os que o acompanharam até ao fim. Francisco Brines foi hospitalizado para uma intervenção cirúrgica no dia seguinte à visita do Rei e Rainha de Espanha, que lhe entregaram na sua residência o prémio Cervantes 2020, a 12 de Maio, o qual recebeu com grande emoção.

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O escritor espanhol Francisco Brines, poeta das emoções e da tolerância, morreu esta quinta-feira, aos 89 anos, tendo vivido até ao último momento com “plenitude”, conforme o recordam os que o acompanharam até ao fim. Francisco Brines foi hospitalizado para uma intervenção cirúrgica no dia seguinte à visita do Rei e Rainha de Espanha, que lhe entregaram na sua residência o prémio Cervantes 2020, a 12 de Maio, o qual recebeu com grande emoção.

De acordo com as pessoas que o acompanharam, aquele foi o último dia em que se sentiu bem, tendo vivido o acto com intensidade e gratidão. Depois de saber que lhe tinha sido atribuído o Prémio Cervantes, Brines celebrou por ter conseguido com a sua poesia “uma canção diversificada” e dedicou o prémio aos seus pais que, disse ele, lhe incutiram respeito pelo desconhecido, a “melhor lição” que o levou a amar a literatura. Agora, a fundação com o seu nome será responsável pela perpetuação do seu legado poético, no ambiente que se tornou o seu espaço de vida, rodeado por mais de 30.000 volumes e fragmentos de história de arte que o escritor adquiriu ao longo da sua existência.

Brines decidiu promover esta entidade sem fins lucrativos para preservar o seu legado material e poético e prestar “homenagem à poesia, porque a poesia, para além do seu aspecto estético, é um caminho muito ilustrativo”. O escritor valenciano é o criador de todo um catálogo de versos cheios de tolerância onde disseca a solidão, o amor, o tempo, a velhice e a morte.

Brines, um dos últimos sobreviventes do “Grupo Poético dos anos 50”, membro da Real Academia Espanhola - eleito em 2001, embora só tenha assumido o seu cargo em 2006 - e vencedor do Prémio Nacional de Poesia Ibero-americana Rainha Sofia, defendia a poesia como um “exercício de tolerância”, resultado da identificação emocional do leitor com o poema, mesmo que o seu conteúdo seja alheio às suas convicções.

Em reacção ao seu desaparecimento, muitos têm sido os que recorrem às redes sociais para recordar os seus versos. “Levaremos sempre no nosso coração Dom Francisco Brines com a emoção dos momentos inesquecíveis partilhados há alguns dias atrás. Ele abriu a sua casa, os seus pensamentos e a sua poesia com a sua grande humanidade. Obrigado, Dom Francisco”, indicou a Casa do Rei através da sua conta do Twitter.

O Presidente do Governo, Pedro Sánchez, lamentou a morte de Brines, a quem chamou de “mestre de poetas” e recordou que há alguns dias recebeu o prémio Cervantes na sua casa: “Hoje ele deixa-nos um mestre de poetas, o último representante da geração dos anos 50. Ficamos com as suas obras íntimas, cheias de humanismo e sensualidade”, escreveu o Presidente do Governo na sua conta do Twitter.

O Instituto Cervantes recordou-o como “uma figura fundamental da poesia, um mestre absoluto” e, para além de recolher alguns versos de Brines, garantiu: “Lembrar-nos-emos sempre de si, poeta”. A Real Academia Espanhola também lamentou a morte do seu académico e transmitiu as suas condolências à família, bem como ao Património Nacional, a instituição que atribui o Prémio Reina Sofía de Poesia Ibero-Americana, que o poeta valenciano ganhou em 2010.