Rui Rio: “Seria muito mau Rui Moreira ser retirado a meio do mandato por um tribunal”
Líder do PSD diz haver um “entrosamento” entre António Costa e o actual presidente da Câmara do Porto.
O líder do PSD, Rui Rio, considera que seria muito negativo para a cidade do Porto o actual presidente da câmara vir a perder o mandato por causa do processo Selminho.
A verdade faz-nos mais fortes
Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.
O líder do PSD, Rui Rio, considera que seria muito negativo para a cidade do Porto o actual presidente da câmara vir a perder o mandato por causa do processo Selminho.
Esta quinta-feira de manhã, após uma reunião com a AHRESP (Associação da Hotelaria, Restauração e Similares de Portugal), Rui Rio foi questionado sobre a reacção de Rui Moreira à decisão instrutória do “caso Selminho” e disse responder enquanto antigo presidente da Câmara do Porto. “Seria muito mau que um presidente da câmara fosse retirado pelo tribunal a meio do mandato e não pudesse sair pela porta da frente, como eu saí com aplausos das pessoas”, afirmou.
Colocando-se no papel do antigo presidente que esteve mais tempo à frente do município e que conhece a “honra e o respeito” que há por aquela figura institucional, Rui Rio considerou que Rui Moreira “corre o risco” de vir a ser o primeiro presidente da Câmara do Porto na história a “não sair pela porta da frente e a ter de sair da parte de trás — com um tribunal a dizer: ‘Perdeste o mandato, cometeste um crime e tens de sair’”.
Rui Rio disse não ter visto as críticas de Rui Moreira — que o acusou de “boçalidade” — e disse encarar isso como uma questão “na vertente pessoal e não na vertente política”. “Não vi. O que sei é que, desde o primeiro dia que entrou na Câmara do Porto, o doutor Moreira tem um problema pessoal comigo”, afirmou.
No plano político, o líder do PSD lança outra acusação, tentando colar os socialistas ao presidente da câmara, eleito por um movimento independente. “Há um entrosamento entre o PS e dr. Rui Moreira. O doutor António Costa aposta claramente no doutor Rui Moreira, independentemente da acusação penal. E o PS, no caso de [Moreira] se recandidatar, prepara-se para ir eleições com figura de corpo presente”, declarou, acusando o líder socialista e primeiro-ministro de querer evitar “a todo custo” que o PSD conquiste a Câmara do Porto.
Conhecer Suzana Garcia
Rui Rio foi também questionado sobre o encontro que teve na quarta-feira, na sede do partido, com a candidata do PSD à Câmara da Amadora, Suzana Garcia. “Depois de vocês falarem tanto, tanto dela, tinha alguma curiosidade de conhecer pessoalmente a doutora Suzana Garcia. Teve a oportunidade de explicar as suas ideias para Amadora. [O concelho] É muito marcado por problemas de habitação, segregação, e eu tive oportunidade de contar algumas coisas que fiz enquanto autarca na Câmara do Porto. Foi uma conversa normal”, contou.
Numa alusão à linguagem e às posições polémicas que Suzana Garcia assumiu, o líder social-democrata considerou que a candidata e advogada “é inteligente e percebe que a forma como se exprime numa dada circunstância, quando estava na televisão, não é a mesma forma com que uma pessoa se deve exprimir noutras circunstâncias”.
Relativamente ao incómodo gerado pelas declarações de Marcelo Rebelo de Sousa, na entrevista à RTP, em torno da sua recandidatura à liderança do PSD após as autárquicas, Rui Rio rejeitou qualquer desconforto e assumiu ter concordado com tudo o que disse o Presidente da República a esse respeito.
“Disse que há autárquicas, que podem ter leitura nacional e é verdade (…). Depois diz que em função dessa leitura posso ter condições para continuar ou não. É rigorosamente verdade. E depois diz que, se eu tiver condições para continuar, se quero continuar. É rigorosamente verdade”, afirmou, acrescentando que o Presidente disse também ser “plausível” que se recandidate ao cargo, mas que isso é “mais subjectivo”.
“Não sei onde foi deselegante para o PSD. É isto mesmo, não vale a pena estarmos com jogos de sombras”, concluiu.