Líder político do Hamas prevê cessar-fogo em Gaza até sábado

Declarações do vice-presidente do movimento islâmico, Mousa Abu Marzook, chegam um dia depois de o Presidente dos EUA ter telefonado ao primeiro-ministro de Israel a pedir uma redução da violência com vista a um cessar-fogo.

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Apesar das conversações, os bombardeamentos israelitas prosseguiram na madrugada desta quinta-feira Reuters/IBRAHEEM ABU MUSTAFA

Um dos principais líderes políticos do Hamas prevê um cessar-fogo em Gaza dentro de um ou dois dias, ainda que os ataques aéreos israelitas e os rockets palestinianos continuem a cruzar os céus do território pelo 11.º dia consecutivo.

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Um dos principais líderes políticos do Hamas prevê um cessar-fogo em Gaza dentro de um ou dois dias, ainda que os ataques aéreos israelitas e os rockets palestinianos continuem a cruzar os céus do território pelo 11.º dia consecutivo.

Na quarta-feira, o Presidente dos EUA, Joe Biden, exortou o primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, a trabalhar no sentido de uma “desaceleração” da ofensiva, a caminho de um cessar-fogo. De acordo com a agência Reuters, uma fonte dos mediadores egípcios disse que os dois lados concordaram com o princípio de um cessar-fogo, mas os pormenores ainda estão a ser negociados em segredo.

“Acho que os esforços que estão a ser feitos em direcção ao cessar-fogo vão ter sucesso”, disse o vice-presidente do bureau político do Hamas, Mousa Abu Marzook, ao canal libanês Al-Mayadeen. “Espero que o cessar-fogo seja alcançado em um ou dois dias, na base de um acordo mútuo.”

O canal Al-Jazira noticiou que o enviado da ONU ao Médio Oriente, o diplomata norueguês Tor Wennesland, está a dialogar com o líder político do Hamas, Ismail Haniyeh, no Qatar.

Combates prosseguem

Durante a madrugada desta quinta-feira, Israel realizou mais de uma dúzia de ataques aéreos em Gaza, incluindo dois que destruíram duas casas. As equipas médicas disseram que quatro pessoas ficaram feridas num ataque aéreo em Khan Younis, no Sul de Gaza.

Segundo a versão dos militares israelitas, os aviões atingiram o que seria uma “unidade de armazenamento de armas” e uma “infra-estrutura militar localizada nas residências” de outros comandantes do Hamas, incluindo em Khan Younis.

Do outro lado, os alarmes soaram na manhã desta quinta-feira na cidade de Beersheba, no Sul de Israel, e em áreas na fronteira com Gaza. Não há relatos de vítimas nem de danos materiais.

As autoridades de Saúde palestinianas dizem que já morreram 228 pessoas em bombardeamentos aéreos desde o início dos combates, a 10 de Maio, que agravaram a já terrível situação humanitária em Gaza.

As autoridades israelitas dizem que do seu lado morreram 12 pessoas, em casos directa ou indirectamente relacionados com o lançamento de rockets pelo Hamas.

“Redução significativa da violência”

Em várias ocasiões, Benjamin Netanyahu saudou o apoio dos Estados Unidos – o principal aliado de Israel – ao direito de autodefesa do país perante os rockets lançados a partir de Gaza, onde vivem dois milhões de palestinianos.

Mas o Presidente norte-americano, Joe Biden, disse ao líder israelita, numa chamada telefónica na quarta-feira, que chegou a hora de diminuir a intensidade do conflito.

“O Presidente comunicou ao primeiro-ministro que espera ver uma desaceleração significativa, hoje, a caminho de um cessar-fogo”, disse aos jornalistas a porta-voz adjunta da Casa Branca, Karine Jean-Pierre.

Washington e várias capitais do Médio Oriente têm tentado garantir o fim da violência através da diplomacia. Os 193 membros da Assembleia Geral das Nações Unidas vão reunir-se esta quinta-feira, com a participação de vários ministros dos Negócios Estrangeiros, mas não se espera uma acção concreta.

A missão dos EUA na ONU disse que não apoia uma iniciativa francesa para a aprovação de uma resolução no Conselho de Segurança da ONU, dizendo que isso iria “minar os esforços para diminuir” a violência.

Violência nas ruas

O Hamas começou a disparar rockets contra Israel no dia 10 de Maio, em retaliação pelo que chamou “abusos dos direitos dos palestinianos em Jerusalém” durante o mês sagrado muçulmano do Ramadão.

Os ataques com rockets seguiram-se a confrontos da polícia israelita com fiéis na Mesquita Al-Aqsa, em Jerusalém, e a um processo judicial interposto por colonos israelitas para expulsar palestinianos de um bairro de Jerusalém Oriental.

Os combates em curso são os mais graves desde 2014 e, ao contrário do que aconteceu noutras ocasiões, alimentaram a violência nas ruas de cidades israelitas entre judeus e árabes.

O conflito também se espalhou para a fronteira ente Israel e o Líbano e alimentou a violência na Cisjordânia.

Quatro rockets foram lançados contra Israel a partir do Líbano, na quarta-feira, no terceiro incidente do género desde o início do conflito em Gaza.

Na Cisjordânia, tropas israelitas mataram a tiro uma mulher palestiniana que, segundo os militares, disparou contra soldados e civis. Pelo menos 21 palestinianos foram mortos em confrontos com tropas israelitas e noutros incidentes na Cisjordânia desde 10 de Maio.