Uma história exemplar

Caso verídico dos anos Bush, a história de um inocente apanhado nas malhas da política americana podia ter dado um filme muito melhor do que o que Kevin Macdonald fez, desaproveitando o elenco que reuniu.

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Os fantasmas de Guantánamo continuam a assombrar a América, como se vê por O Mauritano, história verídica de um inocente tornado em bode expiatório dos atentados do 11 de Setembro, torturado durante 70 dias para confessar aquilo que nunca fez, preso durante oito anos em Guantánamo sem nunca ter sido acusado de nada. A história, exemplar dos piores excessos da administração Bush na “guerra contra o terror”, é adaptada das próprias memórias de Mohamedu ould Slahi, e o escocês Kevin Macdonald (O Último Rei da Escócia, Mar Negro), treinado na “escola BBC”, encena-a com toda a dignidade furiosa do bom velho cinema liberal que ergue o estandarte do estado de direito e do respeito pela lei e denuncia as injustiças. Não falta aqui inteligência no modo como se conta a história, “rodando” com fluidez e desenvoltura entre tempos narrativos e personagens; não faltam actores empenhados, embora a palma caiba a um notável Tahar Rahim, a carregar o filme aos ombros (nem Jodie Foster, no papel da advogada de defesa, nem Benedict Cumberbatch, no papel do oficial encarregue da acusação, precisam de se esforçar muito para lá do seu habitual bom nível).

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Os fantasmas de Guantánamo continuam a assombrar a América, como se vê por O Mauritano, história verídica de um inocente tornado em bode expiatório dos atentados do 11 de Setembro, torturado durante 70 dias para confessar aquilo que nunca fez, preso durante oito anos em Guantánamo sem nunca ter sido acusado de nada. A história, exemplar dos piores excessos da administração Bush na “guerra contra o terror”, é adaptada das próprias memórias de Mohamedu ould Slahi, e o escocês Kevin Macdonald (O Último Rei da Escócia, Mar Negro), treinado na “escola BBC”, encena-a com toda a dignidade furiosa do bom velho cinema liberal que ergue o estandarte do estado de direito e do respeito pela lei e denuncia as injustiças. Não falta aqui inteligência no modo como se conta a história, “rodando” com fluidez e desenvoltura entre tempos narrativos e personagens; não faltam actores empenhados, embora a palma caiba a um notável Tahar Rahim, a carregar o filme aos ombros (nem Jodie Foster, no papel da advogada de defesa, nem Benedict Cumberbatch, no papel do oficial encarregue da acusação, precisam de se esforçar muito para lá do seu habitual bom nível).