Rio reafirma que o PSD votará a favor da reforma das Forças Armadas por uma questão de “coerência”
Presidente social-democrata responde a Cavaco Silva, que neste domingo disse que seria para si “chocante” ver o PSD aprovar a reforma.
O líder do PSD, Rui Rio, declarou esta segunda-feira que o partido vai votar favoravelmente a reforma das Forças Armadas do PS por uma “questão de coerência”, uma vez que o tema tem feito parte dos vários programas de governo dos diversos líderes sociais-democratas, incluindo o seu.
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O líder do PSD, Rui Rio, declarou esta segunda-feira que o partido vai votar favoravelmente a reforma das Forças Armadas do PS por uma “questão de coerência”, uma vez que o tema tem feito parte dos vários programas de governo dos diversos líderes sociais-democratas, incluindo o seu.
“Seria uma contradição muito grande do PSD dizer assim: ‘Nós há tantos anos que defendemos uma reforma neste sentido e agora porque ela é apresentada pelo Partido Socialista contradizemo-nos a nós mesmos e vamos votar contra só porque é do PS, só porque não é do nosso governo'”, disse Rui Rio em resposta aos jornalistas que o questionaram sobre a posição assumida pelo ex-Presidente da República, Cavaco Silva, no final de uma visita que realizou esta segunda-feira ao Museu do Holocausto do Porto, recentemente inaugurado.
Numa declaração enviada à agência Lusa, o ex-Chefe de Estado escreveu: “Considero um erro grave a reforma que o ministro da Defesa Nacional pretende agora levar a cabo, pondo em causa o equilíbrio na distribuição de competências entre o ministro, o Chefe do Estado-Maior General das Forças Armadas e os chefes de estado-maior dos ramos”.
Nesta segunda-feira, Rui Rio disse ter o “máximo respeito” por Cavaco Silva, que tem uma “experiência muito vasta” por ter sido primeiro-ministro e Presidente da República, mas sustentou que o PSD nesta matéria tem de ser coerente. “Esta reforma que neste momento está em cima é uma matéria que está no programa de governo do PSD desde Durão Barroso. Não quer dizer que tenha de ser exactamente assim — a proposta poderá sofrer alterações na especialidade —, mas aquilo que é a linha de fundo é algo que esteve nos programas de governo de Durão Barroso, Santana Lopes, Passos Coelho e até no meu”, explicou.
Sobre a posição assumida por 28 ex-chefes militares que se opõem à reforma desenhada pelo ministro da Defesa, o dirigente social-democrata foi claro: “Não vamos ignorar, são tudo pessoas altamente respeitáveis que conhecem bem as Forças Armadas, apesar de já não estarem no activo e isso, naturalmente, tem de ser tido em conta. Temos de ponderar tudo aquilo que dizem, a começar, desde logo, pelo senhor general Ramalho Eanes, que todos respeitamos imenso”.
Rui Rio admite ajustamentos à proposta de lei do PS, sobretudo em sede de especialidade e insiste em vincar a posição do seu partido em relação a esta reforma. “Não vamos entrar em contradições. Seria muito mau até para a credibilidade do PSD contradizer tudo o que diz praticamente há 20 anos”.
Em meados de Março, o PSD apresentou um documento com propostas para a reforma das Forças Armadas, entre as quais a necessidade de maior investimento, mas também a constituição do Chefe de Estado-Maior-General das Forças Armadas como “Chefe do Estado-Maior de Defesa”, passando os chefes dos outros ramos (Exército, Marinha e Força Aérea) para a sua “efectiva dependência directa”, em termos operacionais.