O Palácio Chiado tem agora uma SALLA onde pode petiscar ao som de música house

No piso térreo do histórico edifício, há agora um único bar, uma SALLA totalmente remodelada, com petiscos, cocktails e house music.

Fotogaleria

Numa das paredes, destaca-se uma pintura que, arriscaríamos dizer, resume o conceito desta nova SALLA do Palácio Chiado: em primeiro plano, uma mesa farta rodeada de comensais vestidos ao rigor da nobreza que, noutros tempos, aqui tanto celebrou a convite do 1.º Conde de Farrobo que acabou por dar origem à expressão “farrobodó”; atrás, o DJ que poderia ter existido à época, estante de discos nas costas e gramofones sobre a mesa.

A verdade faz-nos mais fortes

Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.

Numa das paredes, destaca-se uma pintura que, arriscaríamos dizer, resume o conceito desta nova SALLA do Palácio Chiado: em primeiro plano, uma mesa farta rodeada de comensais vestidos ao rigor da nobreza que, noutros tempos, aqui tanto celebrou a convite do 1.º Conde de Farrobo que acabou por dar origem à expressão “farrobodó”; atrás, o DJ que poderia ter existido à época, estante de discos nas costas e gramofones sobre a mesa.

Há o porte fidalgo e requintado da época áurea do edifício, transposto na própria arquitectura e nos materiais nobres utilizados na decoração do novo bar, mármore e veludo vermelho. Mas há também o romper contemporâneo, o humor, a descontracção. E é isso que se quer no SALLA, aponta à Fugas um dos sócios do Palácio Chiado, Duarte Cardoso Pinto: um bar “descontraído, informal, em que se pode petiscar, ouvir boa música e viver um bocadinho o que é estar dentro do palácio”.

O espaço, avança o responsável, “vai viver muito da música”, com especial destaque para a música house, presente de quinta a sábado, a partir das 19h30, com DJ residentes (Luísa, BillOnair e Leote) e convidados. No SALLA, nome que é também uma homenagem a Félix Salla, responsável pela obra em estuque do palácio, promete-se, não serão precisos “dress codes”, reservas nem cerimónias.

Na carta, sobressaem os petiscos: taquitos de lagosta (17€), camarão salteado com sweet chilli e guacamole (17€), crocante de porco confitado com sweet chilli e molho de trufa (15€) ou sliders de cabrito assado (12€) e de lagosta (16€). A finalizar, seis sobremesas, entre cheesecake tradicional e uma baunilha crocante, com frutos vermelhos e crumble de cacau.

Fotogaleria
DR

Um bar, um restaurante

No piso de cima, conquistada a escadaria monumental do edifício histórico, reconstruído no século XVIII após um violento incêndio e o terramoto de 1755 terem destruído a anterior estrutura, encontra-se o restaurante do Palácio Chiado, agora com uma carta simplificada, onde prevalece “o espírito” do chef Manuel Bóia, “que tem as suas raízes transmontanas mas gosta muito de dar um toque contemporâneo”, descreve Duarte Cardoso Pinto.

Entre as entradas destacam-se, por exemplo, o gaspacho de tomate fresco (7,50€), o carpaccio de polvo com picadinho algarvio (18€) ou a barriga de porco ibérico confitada em court-bouillon, com cremoso de topinambur e molho de marisco (15€). Nos pratos principais da nova ementa de Primavera/Verão (lançam, habitualmente, duas por ano), há lavagante, lagosta e vieira com molho de malagueta, coco e manga com arroz de cardamomo (58€), filete de garoupa (28€) ou de salmão (19,50€) grelhados no carvão, lombo de novilho à Barão (28€) ou camarão tigre com risotto de camarão e espargos com lima (34€), entre outros.

Desde que abriu, em 2016, o caminho do Palácio Chiado tem ido ao encontro de uma progressiva simplificação de conceitos e de oferta. “Ao início, vivíamos numa conjugação de restaurantes e compreendemos que o Palácio Chiado em si, sem pretensões, acabou por ter uma força muito maior do que os próprios restaurantes que estavam cá dentro e sentimos que, a nível operacional, não tínhamos o controlo de toda a cadeia de valor, desde os produtos ao serviço, que não era uniforme [entre restaurantes]”, recorda o responsável.

Em 2018, optaram “por assumir a operação toda”, já com o chef Manuel Bóia a liderar as cozinhas, numa carta única mas múltipla em estilos e conceitos. “Com o ano que passou, em que tivemos de repensar um bocadinho toda a operação, sentimos que já não fazia sentido, até porque tínhamos demasiadas opções e demasiada oferta. Correu bem e achámos que fazia todo o sentido continuar, simplificando a carta, com menos oferta mas mais consistência e qualidade.”

Restaurante renovado

O novo bar no rés-do-chão e a renovação da decoração de algumas salas do restaurante, no primeiro andar, vêm cimentar a nova vida do Palácio Chiado, criando “duas experiências diferentes” e independentes.

No restaurante, se a decoração do foyer e da sala romana se mantém desde a última mudança de conceito, a Sala de Baile foi agora renovada, com desenho de interiores da arquitecta Inês Moura: paredes quentes, o tampo de mármore verde das mesas a condizer com parte do ladrilho no chão e dos cadeirões de veludo que, em semicírculos de madeira, vão criando recantos mais intimistas ao longo da principal sala de refeições.

Sob o enorme leão dourado que sobrevoa o foyer fica a primeira zona de refeições e um bar de cocktails e gin. Na sala romana, paredes cobertas de históricos frescos, mantém-se o bar principal do restaurante, com um enorme balcão negro ao centro. À esquerda, as salas de refeição principais. À direita, a sala Quintela, com capacidade máxima para 15 pessoas e que pode ser utilizada para grupos ou eventos privados. É lá que se mantém a funcionar o espaço de galeria de arte do Palácio Chiado, integrado no projecto Galeria Modo M, com curadoria de Matilde Corrêa Mendes, actualmente com a exposição Moonwalk, de Mariana Horgan.

Devido à pandemia, o Palácio Chiado foi “forçado a reduzir estrutura”, viu o número de clientes diminuir e o “paradigma mudar”: “Tínhamos cerca de 70% estrangeiros e passámos a ter quase 70% de portugueses.” No entanto, Duarte Cardoso Pinto mantém-se optimista. “Pior do que 2020 penso que não possa ser, portanto estou com alguma esperança que 2021 seja positivo e que iremos ter uma segunda metade do ano boa.”