AT&T e Discovery juntam-se para fazer concorrência à Netflix e Disney+

Negócio de 43 mil milhões de dólares surge numa altura em que os espectadores se viraram para o streaming durante o confinamento.

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AT&T vai usar os 43 mil milhões para pagar dívidas de mais de 160 mil milhões de dólares LUSA/JUSTIN LANE

A AT&T, dona da HBO e dos estúdios da Warner Bros, e a Discovery, que engloba canais televisivos de lifestyle como a HGTV e a TLC, anunciaram esta segunda-feira que vão juntar conteúdos para criar um negócio de entretenimento e de media independente.

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A AT&T, dona da HBO e dos estúdios da Warner Bros, e a Discovery, que engloba canais televisivos de lifestyle como a HGTV e a TLC, anunciaram esta segunda-feira que vão juntar conteúdos para criar um negócio de entretenimento e de media independente.

O chefe executivo da Discovery, David Zaslav, vai liderar a nova empresa, que terá na sua esfera um dos estúdios mais poderosos de Hollywood, cuja carteira inclui os franchises das sagas Harry Potter e Batman, o canal noticioso CNN, programas desportivos e programação da Discovery sobre culinária, natureza, ciência e habitação.

As acções da Discovery subiram 16% para 41,3 dólares, enquanto as da AT&T subiram cerca de 4% para 33,67 dólares depois do anúncio da nova empresa, da qual 71% será propriedade dos accionistas da AT&T e 29% será detida por investidores da Discovery.

A AT&T já declarou que vai usar 43 mil milhões de dólares, obtidos com a isenção de impostos do desmembramento dos seus activos de media, para pagar dívidas de mais de 160 mil milhões de dólares.

O nome da nova empresa vai ser revelado esta semana, enquanto outros detalhes, incluindo o futuro papel do CEO da WarnerMedia, Jason Kilar, ainda terão de ser acertados, segundo avançaram alguns executivos num telefonema com jornalistas depois do anúncio do negócio.

A decisão desta segunda-feira marca um desenrolar da compra da Time Warner em 2018 pela AT&T, no valor de 108,7 mil milhões de dólares, e frisa a passagem dos espectadores de televisão para os conteúdos streaming, campo no qual é necessária uma grande escala para ultrapassar a Netflix e a Walt Disney [Disney+].

No total, a empresa vai gastar cerca de 20 mil milhões de dólares em conteúdos, mais do que os 17 mil milhões que a Netflix vai gastar este ano. Zaslav disse esperar que a empresa reforce o seu investimento na programação futuramente.

“Apesar de ainda não se poderem avançar mais detalhes, a combinação horizontal proposta vai criar um gigante distribuidor de conteúdo global, unindo os melhores conteúdos noticiosos e o entretenimento da Warner Media com a programação líder da Discovery”, disse Keith Snyder, da CFRA Reasearch.

O negócio não é surpreendente, acrescentou Snyder, devido à pressão sobre a televisão privada tradicional durante a pandemia de coronavírus, quando os consumidores assistiram incessantemente a programas em plataformas de streaming durante o confinamento.

Com a Time Warner, o antigo chefe executivo da AT&T, Randall Stephenson, está decidido a criar um gigante das telecomunicações e dos media, combinando conteúdo com distribuição. O negócio foi contestado pelo antigo presidente norte-americano Donald Trump, que desconfiou dos reguladores, mas obteve luz verde do tribunal em Junho de 2018.

Contudo, foi uma estratégia cara, porque a AT&T quis simultaneamente expandir a nova geração de serviços sem fios, tendo assim pedido emprestados 14 mil milhões para comprar outro espectro.

A AT&T não é a primeira empresa de telecomunicações a perder as suas acções de media. No dia três de Maio, a empresa Verizon Communications anunciou planos para se livrar dos negócios de media, que incluíam marcas icónicas como a Yahoo e a AOL, por cinco mil milhões, fechando um ciclo dispendioso e fracassado de media e publicidade por todo o mundo.

A nova empresa da AT&T e da Discovery terá, segundo previsões, cerca de 52 mil milhões de dólares de lucro em 2023.

O contrato será fechado em meados de 2022, estando ainda pendente de aprovação pelos accionistas da Discovery e também das autoridades reguladoras. A nova empresa espera obter três mil milhões de custos em sinergias e não planeia vender acções.