“Matar civis é um crime de guerra”, diz responsável da ONU em Gaza
Bombardeamentos israelitas fazem mais 33 mortos em Gaza, incluindo duas crianças pequenas, elevando para 182 o número de palestinianos mortos no território na última semana.
Se não houver em breve um cessar-fogo, a situação da Faixa de Gaza, alvo de bombardeamentos israelitas há sete dias, “vai tornar-se numa espécie de inferno”, disse em declarações à TSF o director da agência das Nações Unidas para os refugiados palestinianos (UNRWA) no enclave palestiniano. “A maioria dos palestinianos que trabalha para nós diz que isto é pior do que em 2014. As pessoas estão aterrorizadas”, descreve Matthias Schmale.
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Se não houver em breve um cessar-fogo, a situação da Faixa de Gaza, alvo de bombardeamentos israelitas há sete dias, “vai tornar-se numa espécie de inferno”, disse em declarações à TSF o director da agência das Nações Unidas para os refugiados palestinianos (UNRWA) no enclave palestiniano. “A maioria dos palestinianos que trabalha para nós diz que isto é pior do que em 2014. As pessoas estão aterrorizadas”, descreve Matthias Schmale.
Com os ataques das primeiras horas de domingo em Gaza são já 182 os palestinianos mortos no interior do território, incluindo 52 crianças, dizem as autoridades de saúde locais. Em Israel, os rockets lançados pelo Hamas a partir de Gaza desde segunda-feira já fizeram dez mortos.
“Como trabalhador humanitário, diria que sim, há crimes de guerra a acontecer. O facto de pelo menos 13 crianças que iam às nossas escolas terem sido mortas, sem qualquer motivo, é um crime de guerra. Para mim, matar civis é um crime de guerra”, afirma Schmale. Os bombardeamentos israelitas já atingiram duas escolas agência, a sua própria sede e vários dos oito campos de refugiados que gere em Gaza.
Entre os últimos alvos estão dois edifícios residenciais, um dia depois de as forças israelitas terem arrasado a torre de 12 andares onde a televisão pan-árabe Al-Jazeera e a agência de notícias norte-americana Associated Press tinham as suas instalações.
Pelo menos 33 palestinianos, incluindo um bebé de um ano e um menino de três anos, morreram nos últimos bombardeamentos, que atingira prédios no bairro Al-Rimal, na Cidade de Gaza. “Ouvimos gritos debaixo dos destroços”, disse um socorrista à Al-Jazeera. Entre os mortos deste ataque – o jornal The Times of Israel escreve que “parece ser o ataque mais mortífero da actual operação israelita contra os grupos de terror em Gaza” – está o médico Ahmad Abu al-Aouf, que era director de Medicina Interna no Hospital al-Shifa, o maior de Gaza.
A casa do principal líder do Hamas entre os que se sabe estarem em Gaza, Yehya al-Sinwar, também foi alvo de bombardeamentos.
A guerra de 2014 foi o último grande confronto de Israel contra o Hamas, quando morreram mais de 2000 palestinianos. O movimento palestiniano, um partido político islamista e uma organização armada considerada terrorista pelos Estados Unidos e pela União Europeia, venceu as legislativas de 2006 e controla desde então a Faixa de Gaza.
Desta vez, Israel anunciou o início da operação contra Gaza depois de o Hamas ter lançado rockets que chegaram a Jerusalém – o movimento exigira aos israelitas que pusessem fim às acções no complexo que integra a Mesquita Al-Aqsa, o terceiro lugar mais sagrado do islão, de onde a polícia expulsara à força dezenas de milhares de fiéis nas noites anteriores.
Em pleno Ramadão, a situação em Jerusalém Oriental, território palestiniano ocupado, era explosiva, com a iminente expulsão de famílias palestinianas das suas casas a desencadear manifestações de palestinianos e acções provocadoras de associações de colonos judeus.