Covid-19: variante associada à Índia sem transmissão comunitária em Portugal

Autoridades de saúde registaram nove casos desta variante até quarta-feira, dois dos quais da linhagem que tem mostrado maior disseminação na Índia e no Reino Unido.

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Viagem de comboio em pandemia Ricardo Lopes

Não há indicação que exista transmissão comunitária em Portugal da variante do SARS-CoV-2 associada à Índia, dizem as autoridades de saúde. O relatório das Linhas Vermelhas para a Covid-19 dá conta que até ao momento foram identificados nove casos no país, mais dois do que há uma semana. Contudo, surge pela primeira vez a indicação que dois casos são da linhagem B.1.617.2, “sendo esta última a que tem mostrado maior disseminação na Índia e no Reino Unido”, salienta o documento. O director-geral da Saúde inglês admitiu que esta variante poderá tornar-se dominante na Grã-Bretanha.

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Não há indicação que exista transmissão comunitária em Portugal da variante do SARS-CoV-2 associada à Índia, dizem as autoridades de saúde. O relatório das Linhas Vermelhas para a Covid-19 dá conta que até ao momento foram identificados nove casos no país, mais dois do que há uma semana. Contudo, surge pela primeira vez a indicação que dois casos são da linhagem B.1.617.2, “sendo esta última a que tem mostrado maior disseminação na Índia e no Reino Unido”, salienta o documento. O director-geral da Saúde inglês admitiu que esta variante poderá tornar-se dominante na Grã-Bretanha.

“Até 12 de Maio, foram identificados nove casos da variante B.1.617 (associada à Índia), sete casos da linhagem B.1.617.1 e dois casos da linhagem B.1.617.2, sendo esta última a que tem mostrado maior disseminação na Índia e no Reino Unido”, indica o documento da Direcção-Geral da Saúde (DGS) e do Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge (INSA), divulgado esta sexta-feira. “Dado que foi identificada história de viagem ou contacto com casos confirmados desta variante para todos os casos parece não existir, actualmente, transmissão comunitária activa desta variante.”

O relatório refere que identificados três casos na região Centro, cinco em Lisboa e Vale do Tejo e um nos Açores. “Os dados genéticos sugerem a existência de introduções distintas no país. Não foi identificado até à data nenhum óbito associado a esta variante”, dizem as autoridades de saúde, referindo que já foram detectadas infecções por esta variante em vários países e alguns já assumem a “possibilidade de circulação comunitária desta variante”.

Na Grã-Bretanha esta é uma variante que já está a concentrar a atenção das autoridades. De acordo com a Reuters, o surgimento da variante B.1.617.2 em partes do norte da Inglaterra e Londres levou alguns cientistas a pedir o adiamento da reabertura – o primeiro-ministro Boris Johnson tinha como objectivo suspender mais restrições a 21 de Junho e permitir que os cidadãos se juntem em pequenos grupos dentro de casa e viajem para o exterior – e a repensar a velocidade da vacinação.

Segundo a mesma notícia, o director-geral da Saúde inglês, Chris Whitty, confirmou que a variante B.1.617.2 é mais transmissível do que a estirpe de “Kent”, que alimentou a segunda onda de infecções da Inglaterra. O médico referiu ainda que a B.1.617.2 pode vir a dominar a Grã-Bretanha.

Quanto às restantes variantes que têm sido alvo de monitorização mais apertada, o relatório das linhas vermelhas refere que a associada ao Reino Unido é responsável por 91,2% dos casos de infecção em Portugal. Já as variantes associadas à África do Sul (88 casos identificados de covid-19 até 12 de Maio) e a Manaus, no Brasil, (114 casos identificados até 12 de Maio), as autoridades de saúde confirmaram a transmissão comunitária das mesmas. Em ambas as variantes, nenhum dos casos infectados eram profissionais de saúde, refere o relatório.

Indicadores fora do vermelho

O sétimo relatório de monitorização das “linhas vermelhas” da pandemia adianta ainda que o número de novos casos de covid-19 por 100 mil habitantes, acumulado nos últimos 14 dias, foi de 50 novas infecções, com “tendência ligeiramente decrescente a nível nacional”, enquanto o índice de transmissibilidade – R(t) – situou-se nos 0,95 a nível nacional.

Ao nível dos serviços de saúde, a DGS avança que o número diário de casos de covid-19 internados em Unidades de Cuidados Intensivos (UCI) no continente revelou uma tendência ligeiramente decrescente, correspondendo a 29% do valor crítico definido de 245 camas ocupadas. Na última quarta-feira, estavam internados em UCI 70 doentes com covid-19.

O relatório indica também que, na última semana, registou-se um decréscimo do número de testes para detecção do SARS-CoV-2, com um total de 262.542 despistes, o que representa menos 60.296 do que os 322.838 testes realizados nos sete dias anteriores. Também na última semana, 97% dos casos de infecção por SARS-CoV-2 foram isolados em menos de 24 horas após a notificação e foram rastreados e isolados 76% dos seus contactos.

“A análise global dos diversos indicadores sugere uma situação epidemiológica com transmissão comunitária de moderada intensidade e reduzida pressão nos serviços de saúde”, concluem a DGS e o INSA. Em Portugal, morreram 16.999 pessoas dos 841.379 casos de infecção confirmados, de acordo com o boletim mais recente da Direcção-Geral da Saúde.