“Catástrofe moral”: OMS pede que vacinas para jovens de países ricos sejam cedidas aos pobres

Vários países querem vacinar crianças e jovens. OMS lembra que estes são grupos de baixo risco e pede que as vacinas sejam doados ao Covax.

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Casos e mortes por covid-19 têm subido em vários países, como a Índia RAJAT GUPTA/EPA

A Organização Mundial da Saúde (OMS) apelou esta sexta-feira aos países que estão a vacinar jovens contra a covid-19 para cederem estas vacinas ao mecanismo Covax, permitindo imunizar os grupos de risco em países menos desenvolvidos.

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A Organização Mundial da Saúde (OMS) apelou esta sexta-feira aos países que estão a vacinar jovens contra a covid-19 para cederem estas vacinas ao mecanismo Covax, permitindo imunizar os grupos de risco em países menos desenvolvidos.

“Em alguns países ricos, que compraram a maioria das vacinas disponíveis, os grupos de menor risco estão a ser vacinados. Eu entendo que esses países querem vacinar as suas crianças e os seus adolescentes, porém, encorajo estes países a reconsiderarem esta decisão e a doarem as suas vacinas ao Covax”, afirmou o director-geral da OMS, sem referir qualquer país em específico.

Esta semana, a Food and Drug Administration (FDA), que regula o sector farmacêutico nos Estados Unidos, anunciou que as crianças entre os 12 e os 15 anos já podem receber a vacina contra o SARS-CoV-2 da Pfizer, o que vai permitir a vacinação de milhares de estudantes antes do início do próximo ano lectivo.

Também a Alemanha pretende vacinar todos os adolescentes maiores de 12 anos até ao fim de Agosto, embora dependa da “luz verde” da Agência Europeia de Medicamentos (EMA) para essa faixa etária, enquanto a França e o Canadá já receberam o acordo dos respectivos reguladores para a utilização da vacina em jovens entre os 12 e os 15 anos.

Em conferência de imprensa virtual a partir da sede da organização, em Genebra, Tedros Ghebreyesus alertou ainda que diversas regiões do mundo estão a registar um aumento de casos de infecção pelo vírus SARS-CoV-2, o que poderá resultar num elevado número de mortes.

“A covid-19 já levou mais de 3,3 milhões de vidas e estamos a caminho para que este ano de pandemia seja ainda mais letal do que o ano passado”, alertou o responsável da agência das Nações Unidas para a área da saúde.

Depois de confirmar que foi esta semana vacinado contra a covid-19, Tedros Ghebreyesus reiterou que muitos profissionais de saúde que estão a combater a pandemia em vários países ainda não estão imunizados, o que é um “reflexo triste da grande distorção no acesso às vacinas” a nível global.

“Em Janeiro falei sobre uma potencial catástrofe moral e, infelizmente, é o que está a acontecer agora” com a distribuição a “conta-gotas” das vacinas, assegurou o director-geral da OMS, ao garantir que apenas 0,3% desses fármacos foram destinados aos países de mais baixo rendimento.

De acordo com Tedros Ghebreyesus, além da Índia, países como o Nepal, o Sri Lanka, o Vietname, o Camboja, a Tailândia e o Egipto estão a registar um aumento do número de casos e hospitalizações por covid-19, a que se juntam algumas regiões do continente americano, que já representaram cerca de 40% do total mundial de mortes por covid-19 na última semana.