Das 100 cidades do mundo mais vulneráveis a riscos ambientais, 99 ficam na Ásia

Na China e na Índia, o principal factor de risco é a poluição do ar. O continente africano é o que está mais exposto às alterações do clima.

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A poluição do ar é o principal factor de risco na Índia e na China WU HONG/epa

Os principais desafios ambientais não se distribuem proporcionalmente pelo mundo. Das 100 cidades mais vulneráveis a riscos ambientais, 99 encontram-na Ásia. Mais concretamente, 80% estão na Índia ou na China, de acordo com um relatório publicado esta sexta-feira pela consultora de riscos Verisk Maplecroft. No espectro das cidades mais seguras, das 20 identificadas, 14 situam-se na Europa, sendo Glasgow a mais segura.

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Os principais desafios ambientais não se distribuem proporcionalmente pelo mundo. Das 100 cidades mais vulneráveis a riscos ambientais, 99 encontram-na Ásia. Mais concretamente, 80% estão na Índia ou na China, de acordo com um relatório publicado esta sexta-feira pela consultora de riscos Verisk Maplecroft. No espectro das cidades mais seguras, das 20 identificadas, 14 situam-se na Europa, sendo Glasgow a mais segura.

Das 576 maiores cidades do mundo analisadas, os resultados mostram que cerca de 1,5 mil milhões de pessoas vive em cidades com “risco elevado ou muito elevado”. A grande maioria vive no continente asiático.

“Em muitos países asiáticos, estes centros vão tornar-se menos habitáveis enquanto a pressão das populações cresce e as alterações climáticas amplificam as ameaças, desde a poluição a condições climáticas extremas, ameaçando o seu papel enquanto geradores de riqueza para as economias nacionais”, disse Will Nichols, dirigente do departamento para as alterações climáticas na Verisk Maplecroft.

A cidade de Jacarta, capital da Indonésia e casa de 10 milhões de pessoas, é considerada a cidade mais vulnerável do mundo face a riscos ambientais. Desde a subida do nível do mar, ao abatimento da terra, cheias e inundações frequentes, e níveis elevados de poluição do ar, é a cidade que mais rapidamente está a encolher. Em 2050, espera-se que partes da cidade estejam submersas. Também por essa razão, o Presidente indonésio, Joko Widodo, está a planear mudar a capital, refere o documento.

A capital da Índia, Deli, é a segunda cidade mais vulnerável. Somando-se as 43 cidades indianas na lista das 100 mais vulneráveis, é o país com o maior número de cidades em risco. E a principal ameaça é a poluição do ar.

Segundo um estudo publicado pela revista científica Lancet no ano passado, a poluição do ar contribuiu para a morte de 1,7 milhões de mortes prematuras na Índia em 2019. E os cientistas dizem que a poluição está a contribuir para o número elevado de mortes na segunda vaga esmagadora de casos de covid-19.

Também a China tem muitas cidades ameaçadas: 37 entre 100 tem os cenários menos favoráveis. A poluição do ar é o principal factor de risco, seguindo-se a poluição e escassez da água. Embora o Presidente chinês Xi Jinping tenha estabelecido a prioridade de limpar o ar em 2013, implementando programas para encorajar a diminuição do uso de carvão a nível doméstico e empresarial. Porém, o Governo mantém-se aquém das metas, construindo novas centrais de carvão enquanto recupera da pandemia, refere a Bloomberg.

Mas a região mais atingida é a menos responsável no aquecimento climático e impacto global: o continente africano, em especial a África subsariana. No índex direccionado apenas para as ameaças climáticas, das 40 cidades identificadas 38 são africanas. “As duas cidades africanas mais populosas, Lagos e Kinshasa, estão entre as mais vulneráveis”, lê-se no documento.

Ao mesmo tempo, África é a região “com menor capacidade para mitigar os efeitos”, sendo que eventos climáticos extremos já acontecem com mais frequência, entre secas, ondas de calor, inundações e tempestades.

A empresa elaborou o relatório para orientar as empresas a tomar decisões. Mas os resultados podem ser igualmente relevantes para a forma como as comunidades e decisores políticos vão encarar o futuro das suas cidades. “Estas ameaças ambientais não vão desaparecer e em muitos casos apenas vão piorar em resultado das alterações climáticas”, conclui o estudo