Partido de Macron impede candidata muçulmana de concorrer a eleição local por usar hijab
Secretário-geral da República em Marcha, Stanislas Guerini, diz que “os valores” do LREM “não são compatíveis com o uso de símbolos religiosos ostentosos”.
O partido do Presidente francês, Emmanuel Macron, baniu a candidata muçulmana Sara Zemmahi de concorrer nas eleições regionais no município de Montpellier, depois de ter sido fotografada com um hijab (véu islâmico que cobre o cabelo) para um panfleto da campanha, onde se lia “Diferentes, mas unidos por si”. A medida abre mais uma fissura dentro da República em Marcha (LREM, na sigla francesa), a menos de um ano das eleições presidenciais cujas previsões apontam para um embate a dois entre Macron e Marine Le Pen.
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O partido do Presidente francês, Emmanuel Macron, baniu a candidata muçulmana Sara Zemmahi de concorrer nas eleições regionais no município de Montpellier, depois de ter sido fotografada com um hijab (véu islâmico que cobre o cabelo) para um panfleto da campanha, onde se lia “Diferentes, mas unidos por si”. A medida abre mais uma fissura dentro da República em Marcha (LREM, na sigla francesa), a menos de um ano das eleições presidenciais cujas previsões apontam para um embate a dois entre Macron e Marine Le Pen.
A polémica surgiu com uma publicação no Twitter do número dois do partido de Marine Le Pen, Jordan Bardella. “É esta a luta contra o separatismo?”, questionou, dirigindo-se à ministra da Cidadania, Marlène Schiappa.
Em resposta a Bardella, o secretário-geral do partido, Stanislas Guerini, referiu no Twitter que “os valores” do LREM “não são compatíveis com o uso de símbolos religiosos ostentosos num documento da campanha eleitoral”. Por isso, “ou os candidatos alteram as fotos, ou o LREM retira o seu apoio”, continuou. Confirmando a sua posição, Guerini afirmou que Zemmahi “não será candidata do República em Marcha”, disse numa entrevista à emissora francesa RTL.
Les valeurs portées par LREM ne sont pas compatibles avec le port ostentatoire de signes religieux sur un document de campagne électorale. Soit ces candidats changent leur photo, soit LREM leur retirera leur soutien. https://t.co/7jBY4sGH2j
— Stanislas Guerini (@StanGuerini) May 10, 2021
Apesar de a lei francesa não proibir o uso do hijab ou de outros símbolos religiosos em imagens de documentos de campanha, a polémica ilustra a divisão em torno do lugar do islamismo francês no país.
A medida rapidamente recebeu críticas fora e dentro do partido, por acusações de discriminação e de procurar cativar o eleitorado da extrema-direita. Uma das deputadas do LREM, Carolina Janvier, criticou no Twitter a postura “indigna” e salientou que “correr atrás de votos (da extrema-direita) apenas permite que as suas ideias prevaleçam.”
Já outro deputado do partido, Ronald Lescure, disse à Reuters que o assunto é “explosivo": “O islão político é uma realidade latente em alguns bairros e temos de ser muito firmes”.
Indignité. Courir après le Front National ne servira qu'à faire gagner leurs idées. Ça suffit. https://t.co/P0GtQl6rsY
— Caroline Janvier (@CarolineJanvier) May 11, 2021
Macron tem alertado para o perigo crescente do “separatismo no islão”, especialmente pela ameaça de atentados, para a unidade e valores principais da república. Nesse sentido, têm sido propostas leis para lutar contra o separatismo no islão, pela defesa da laicidade e pelo reforço da segurança.
No entanto, vários observadores acreditam que o objectivo desta estratégia é outro: conquistar votos da extrema-direita para as próximas eleições presidenciais, no próximo ano, onde se espera um novo confronto com a candidata da Frente Nacional, Marine Le Pen.