João Feijó: Nyusi vai em breve a Paris e “provavelmente” vai aceitar a presença de militares franceses

O investigador do Observatório do Meio Rural tem estudado regularmente os fundamentos do conflito em Cabo Delgado. Em entrevista ao PÚBLICO diz que os jihadistas vieram “preencher o vazio” deixado pela morte de Dhlakama, o líder da Renamo.

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Paulo Pimenta

Autor de vários estudos sobre o conflito em Cabo Delgado, João Feijó é investigador do Observatório do Meio Rural, uma ONG moçambicana dedicada ao desenvolvimento do meio rural. O seu mais recente estudo tem por base 23 entrevistas a mulheres raptadas pelos insurgentes e que conseguiram fugir. “O Estado está mais preocupado com a indústria extractiva, são esses que têm muito mais capacidade de lobby, são esses que financiam as campanhas partidárias ou que conseguem influenciar muito mais o partido e os camponeses são a maioria da população, mas estão dispersos, não estão organizados, não estão escolarizados, não têm ninguém que lhes faça a advocacia ou têm poucos e esses poucos são ameaçados e impedem a criação de canais formais de participação e negociação e quando estes não existem alimenta-se a tal Renamo social, aquela consciência de que a Frelimo só aprende à porrada, estou a citar o pensamento da população. O Afonso Dhlakama [líder da Renamo] tinha muito essa ideia, por isso é que ele também é visto entre essa população, entre os desprovidos de recursos, como um messias. E depois que ele morreu ficou um vazio e estes indivíduos conseguiram preencher esse vazio.”

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Autor de vários estudos sobre o conflito em Cabo Delgado, João Feijó é investigador do Observatório do Meio Rural, uma ONG moçambicana dedicada ao desenvolvimento do meio rural. O seu mais recente estudo tem por base 23 entrevistas a mulheres raptadas pelos insurgentes e que conseguiram fugir. “O Estado está mais preocupado com a indústria extractiva, são esses que têm muito mais capacidade de lobby, são esses que financiam as campanhas partidárias ou que conseguem influenciar muito mais o partido e os camponeses são a maioria da população, mas estão dispersos, não estão organizados, não estão escolarizados, não têm ninguém que lhes faça a advocacia ou têm poucos e esses poucos são ameaçados e impedem a criação de canais formais de participação e negociação e quando estes não existem alimenta-se a tal Renamo social, aquela consciência de que a Frelimo só aprende à porrada, estou a citar o pensamento da população. O Afonso Dhlakama [líder da Renamo] tinha muito essa ideia, por isso é que ele também é visto entre essa população, entre os desprovidos de recursos, como um messias. E depois que ele morreu ficou um vazio e estes indivíduos conseguiram preencher esse vazio.”