As ruas de Arraiolos são agora tapetes de palavras: “Poisa Amor em tudo o que vês”
Há poesia, sabedoria popular e lições de vida espalhadas pelas paredes da vila alentejana, num Manifesto que colhe as palavras de 30 autores, portugueses e estrangeiros, de Rita Redshoes (frase em título) a Sérgio Godinho, Abrunhosa ou Afonso Cruz, para “mostrar ao mundo” o seu talento. Até 30 de Setembro.
“Dança como um poema declamado com o coração fora da boca”, apela Ana Lacerda, bailarina da Companhia Nacional de Bailado. Pedro Abrunhosa lembra que “de costas voltadas não se vê o futuro”. E de Rita Redshoes veio a frase que levamos a título: “Poisa Amor em tudo o que vês”.
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“Dança como um poema declamado com o coração fora da boca”, apela Ana Lacerda, bailarina da Companhia Nacional de Bailado. Pedro Abrunhosa lembra que “de costas voltadas não se vê o futuro”. E de Rita Redshoes veio a frase que levamos a título: “Poisa Amor em tudo o que vês”.
O Manifesto foi lançado às ruas de Arraiolos e arredores a 30 de Abril e, durante três meses, vários edifícios da vila alentejana dão corpo às palavras de quem faz delas profissão. A intenção é “mostrar ao mundo o talento dos escritores, actores, artistas, poetas e músicos, portugueses e estrangeiros, conhecidos e por conhecer”, lê-se em comunicado.
A iniciativa, em exposição até 30 de Setembro, é “uma manifestação de rua”, de “afecto ou pensamento”, onde entram declarações de amor “por um ideal, local, pessoa ou crença”. “São palavras que juntas dizem muito do que vemos e sentimos. É o reflexo do que vai dentro, do que mexe connosco, de que somos feitos. São palavras e pensamentos que semeamos no mundo para depois, ao longe, vermos crescer”, afirma o curador, Bruno Pereira.
O projecto foi criado pelo Departamento, “amplificador de cultura” responsável, entre outras iniciativas, pela mostra Poster, em Marvila (Lisboa), em parceria com a E-Panther, uma marca que alia impacto social, sustentabilidade e “uma pitada de amor provocador” e que tem a sua face mais visível numa loja de aluguer de bicicletas-eléctricas em Arraiolos.
Desta vez, os posters desfiam pensamentos. Negro sobre o branco. “O que mais se receia é o melhor que se passa”, diz Amadeu Maneta. “Ninguém nos vai tirar o sol”, promete Joana Espadinha. “Somos o que passa por nós e permanece”, aponta o escritor José Eduardo Agualusa. Kátia Guerreiro: “Um país sem cultura é apenas um lugar”.
O objectivo passa também por aproveitar o novo momento de desconfinamento para levar ao concelho de Arraiolos “cultura viva e um desígnio de esperança para as pessoas” através de uma exposição de rua e ao ar livre, adequada aos tempos de pandemia que atravessamos, diz à Fugas a organização.
É também um périplo de (re)descoberta pelo concelho alentejano. Da biblioteca municipal ao largo do lagar, da escola de música à praça do município, entre ruelas e fachadas de alguns dos espaços de restauração e alojamento turístico, desde lugarejos a herdades, vão-se coleccionando as palavras dos 30 artistas convidados, incluindo Afonso Cruz, Ivo Canelas, Márcia, Ondjaki, Valter Hugo Mãe, Samuel Úria ou Sérgio Godinho.