“Sentimento de insegurança vai-se acentuando”, dizem trabalhadores da Groundforce

“Somos os primeiros interessados e principais vítimas” do desentendimento entre accionistas, diz a comissão de trabalhadores da empresa de assistência em terra.

Foto
Trabalhadores da empresa já tiveram salários em atraso Adriano Miranda

Com a TAP a avançar com o pedido de insolvência da Groundforce, e perante as dificuldades da empresa, a comissão de trabalhadores (CT) diz que, “à medida que se vai aproximando o fim do mês, o sentimento de insegurança vai-se acentuando”. Em comunicado, a CT não deixa de recordar o compromisso recente do presidente e principal accionista da Groundforce, Alfredo Casimiro, o qual afirmou que os salários de Maio dos cerca de 2400 trabalhadores estavam assegurados.

A verdade faz-nos mais fortes

Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.

Com a TAP a avançar com o pedido de insolvência da Groundforce, e perante as dificuldades da empresa, a comissão de trabalhadores (CT) diz que, “à medida que se vai aproximando o fim do mês, o sentimento de insegurança vai-se acentuando”. Em comunicado, a CT não deixa de recordar o compromisso recente do presidente e principal accionista da Groundforce, Alfredo Casimiro, o qual afirmou que os salários de Maio dos cerca de 2400 trabalhadores estavam assegurados.

Sublinhando que a empresa é saudável, no sentido de que não tem “desequilíbrio estrutural” mas foi “afectada severamente pela crise pandémica”, a CT diz ter recebido o anúncio do pedido de insolvência com “enorme estupefacção”, na sequência do desentendimento entre Alfredo Casimiro (dono de 50,1% da empresa, via Pasogal) e o Governo e a TAP (dona do restantes capital, e principal cliente da Groundforce).

“Somos os primeiros interessados e principais vítimas” do desentendimento entre accionistas, diz a CT, adiantando que o pedido de insolvência é “um processo complexo e com alguma demora (previsivelmente cerca de quatro a seis semanas)”. O primeiro passo será o de analisar se a Groundforce consegue “pagar as dívidas reclamadas”.

Caso não seja capaz, é decretada a insolvência e é nomeado um administrador de insolvência. Este será o responsável quem irá, diz a CT na sequência da reunião que teve com o ministro das Infra-estruturas, Pedro Nuno Santos, apreciar “as propostas que os credores farão (neste caso a TAP) para adquirir a totalidade da empresa, assumindo obviamente, a totalidade do passivo e comprometendo-se a liquidá-lo a todos os credores, incluindo os trabalhadores”. “Esta foi a narrativa que ouvimos do Sr. Ministro, garantindo ainda que era compromisso do Governo preservar a empresa e todos os postos de trabalho”.

PCP quer ministro em audição parlamentar

Esta terça-feira, o deputado do PCP Bruno Dias requereu a audição do ministro Pedro Nuno Santos na Comissão de Economia para explicar o pedido de insolvência da Groundforce por parte da TAP.

Para o deputado, esta é uma decisão “grave e completamente inaceitável, na medida em que precariza ao extremo a vida dos 2400 trabalhadores” e “desestabiliza a TAP num momento crítico para a recuperação económica da empresa, em que o sector da aviação civil começa a sair da mais grave crise de sempre à escala mundial”.

Em vez de “utilizar os instrumentos que possui para clarificar e estabilizar a situação, através de uma nacionalização”, diz Bruno Dias, o Governo optou “por seguir um caminho desestabilizador, moroso e de final incerto através de um pedido de insolvência”. Isto com o objectivo, diz, de “criar as condições necessárias para conseguir impor uma redução do preço da força de trabalho no sector da assistência em escala, lançando mais à frente um novo processo de privatização, o terceiro, no caso da SPDH/Groundforce”.