População chinesa nunca cresceu tão pouco como na última década

Os censos mostram um crescimento de pouco mais de 5% da população da China. Nos próximos anos deverá ser ultrapassada pela Índia como país mais populoso do mundo.

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População activa da China tem caído enquanto o número de idosos sobe ALY SONG / Reuters

A população chinesa cresceu, na última década, ao ritmo mais lento desde que existem registos, de acordo com o resultado dos censos divulgados oficialmente esta terça-feira.

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A população chinesa cresceu, na última década, ao ritmo mais lento desde que existem registos, de acordo com o resultado dos censos divulgados oficialmente esta terça-feira.

Nos últimos dez anos, a população cresceu 5,38%, atingindo 1,41 mil milhões de pessoas, o que representa uma queda ligeira face ao crescimento populacional da década anterior, de 5,85%. Nas décadas anteriores, a população chinesa tinha registado incrementos na ordem dos dois dígitos.

O baixo ritmo de crescimento populacional está ligado à reduzida taxa de fertilidade, que em 2020 foi de 1,3 filhos por mulher, um número no mesmo patamar de sociedades envelhecidas como o Japão, Itália ou Portugal.

A boa notícia vinda dos censos é que os receios de que a população chinesa tivesse caído pela primeira vez desde a fundação da República Popular, em 1949, não se revelaram certeiros. No mês passado, o Financial Times citava alguns responsáveis do departamento de estatística da China que diziam que esse cenário era provável já nos censos de 2021.

Ainda assim, a expectativa é que a população da China comece a decrescer nos próximos anos, acelerando a sua substituição pela Índia como país mais populoso do planeta.

“A população da China irá alcançar um pico no futuro, mas o tempo específico é ainda incerto”, disse o director do Gabinete Nacional de Estatísticas, Ning Jizhe, durante a apresentação das conclusões dos censos. “Pela tendência do desenvolvimento da população nos últimos anos, o crescimento populacional irá tornar-se mais lento no futuro”, afirmou.

A queda do número de nascimentos na China abre uma crise demográfica, semelhante à verificada noutros países desenvolvidos na Europa Ocidental e na Ásia, que os governantes chineses tentaram prevenir. Em 2015, o Governo chinês aboliu a chamada “política do filho único”, em vigor desde 1979, e que obrigava a generalidade das famílias a terem apenas um filho.

A descida da natalidade associada ao aumento da esperança de vida está já a provocar uma queda da população activa com potencial para pôr em causa o sistema de pensões. O número de pessoas com idades entre os 15 e os 59 anos caiu 7%, enquanto a população com idade superior a 60 anos subiu 5%.