“Não me calo!”: a exposição do ISCTE que reúne mais de cem cartazes de protestos
Cartazes pertenceram a protestos feministas, nacionalistas, ecologistas, laborais ou anti-racistas e estão em exposição no Espaço Exposições do Edifício II do ISCTE até 30 de Junho.
O Instituto Universitário de Lisboa (ISCTE) acolhe a partir desta segunda-feira a exposição “Não me calo!”, que reúne cerca de uma centena de cartazes artesanais recolhidos em manifestações de protesto.
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O Instituto Universitário de Lisboa (ISCTE) acolhe a partir desta segunda-feira a exposição “Não me calo!”, que reúne cerca de uma centena de cartazes artesanais recolhidos em manifestações de protesto.
A iniciativa surge em parceria com o arquivo Ephemera, de José Pacheco Pereira, que possui uma colecção de mais de 300 cartazes recolhidos em vários protestos nacionais e internacionais.
Em comunicado à Lusa, o ISCTE explica que os cartazes da exposição foram recolhidos pelos participantes do arquivo, mas, cada vez mais, são oferecidos pelos próprios autores depois de exercerem a sua função, ganhando assim “uma segunda vida que não os “amansa”, nem os torna objectos de um mostruário morto, mas prolonga a sua acção”.
Os cartazes expostos são peças únicas e artesanais, quase todos de cartão e escritos com marcador ou tinta, que pertenceram a múltiplos protestos — feministas, nacionalistas, ecologistas, laborais, anti-racistas —, e representaram diversas vozes — catalães, independentistas, ingleses, franceses; na exposição vão ser todos colocados numa vara e divididos em três núcleos: troika, feminismo e LGBTI+ e, ainda, emergência climática.
Um dos cartazes que deverá integrar a exposição é o que Irene Martín levou ao 1º de Maio, em Lisboa, para falar do trabalho reprodutivo. “Farta até à cona de gerar a mais-valia dos homens. Trabalho reprodutivo sustenta o capital”, lia-se.
Segundo o responsável pelo arquivo e também curador da exposição, José Pacheco Pereira, o objectivo principal da mostra é compreender a relação interactiva entre alguns objectos triviais e a história do mundo.
“Não é só design, nem artesanato, nem arte, mas história material. É uma colecção ecléctica do ponto de vista cultural e político. Os cartazes dizem muito sobre quem os faz: percebe-se a idade, o léxico, os erros de ortografia, os palavrões, os estrangeirismos. Percebe-se o sexo, e percebe-se que são raparigas e mulheres as mais ousadas e criativas”, afirmou.
A exposição vai estrear hoje, com duas conferências sobre “Protesto Social na História” e “Novos Movimentos e Dinâmicas Sociais”, que poderão ser assistidas presencialmente, com lugares limitados, ou através de uma emissão em directo do canal YouTube do ISCTE.
Os cartazes artesanais de manifestações de protesto vão estar em exposição até 30 de Junho no Espaço Exposições do Edifício II do ISCTE, entre as 10 e as 18 horas de segunda a sexta-feira.