Nova noite de violência junto à Mesquita Al-Aqsa em Jerusalém
Marcha comemorando anexação de Jerusalém Oriental por nacionalistas israelitas cancelada.
As forças israelitas voltaram a entrar em confronto com manifestantes junto à Mesquita Al-Aqsa em Jerusalém, deixando centenas de feridos. A tensão é elevada e há receio de que a violência se intensifique ao longo do dia com a aproximação de uma marcha nacionalista israelita prevista para esta segunda-feira.
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As forças israelitas voltaram a entrar em confronto com manifestantes junto à Mesquita Al-Aqsa em Jerusalém, deixando centenas de feridos. A tensão é elevada e há receio de que a violência se intensifique ao longo do dia com a aproximação de uma marcha nacionalista israelita prevista para esta segunda-feira.
A polícia israelita voltou a entrar no complexo onde se localiza a mesquita, que é um dos locais mais sagrados do islão, durante a madrugada desta segunda-feira, atirando granadas atordoantes, balas de borracha e gás lacrimogéneo contra os palestinianos que ali se encontravam, que responderam com o arremesso de pedras.
O Crescente Vermelho diz ter contabilizado 180 feridos e acusou a polícia de ter impedido a entrada de pessoal médico no complexo onde se encontra a mesquita para assistir os manifestantes feridos.
A polícia israelita justificou a sua acção como tendo o objectivo de “erradicar a violência do Monte do Templo [a designação dada pelos judeus], bem como a crescente actividade noutras áreas da Cidade Velha”.
Pela quarta noite consecutiva há confrontos entre a polícia e manifestantes palestinianos que se concentram junto à Mesquita Al-Aqsa – o terceiro local mais sagrado do islão – para rezar e celebrar os últimos dias do Ramadão, mas também para protestar contra o despejo de várias famílias no bairro de Sheikh Jarrah, em Jerusalém Oriental. O porta-voz do Alto Comissariado para os Direitos Humanos da ONU, Rupert Colville, avisou na semana passada que as expulsões podem constituir “crimes de guerra”.
A Jordânia, que é o guardião oficial dos locais sagrados muçulmanos em Jerusalém, condenou a repressão da polícia israelita e o Quarteto do Médio Oriente, que junta os EUA, a União Europeia, a Rússia e a ONU, que servem como mediadores do conflito israelo-palestiniano, tem deixado apelos para que ambos os lados mostrem sinais de apaziguamento. O Conselho de Segurança da ONU vai reunir-se esta segunda-feira para discutir o assunto.
No entanto, tudo indica que a violência em Jerusalém possa vir a aumentar ao longo do dia. Israel celebra o Dia de Jerusalém, que comemora a anexação de Jerusalém Oriental em 1967 – não reconhecida pela maioria da comunidade internacional – e que é habitualmente pretexto para marchas de nacionalistas pela cidade.
A polícia está ainda a decidir o que fazer em relação à marcha com bandeiras que costuma ser feita neste dia, com vários apelos a que pelo menos seja alterado o percurso, para que não passe pela Porta de Damasco. “O barril de pólvora já está a arder e pode explodir a qualquer momento”, disse Amos Gilad, antigo responsável de defesa, citado pelo jornal Times of Israel.
A marcha das bandeiras é considerada de forma geral como uma provocação, especialmente pelo percurso, nota ainda o jornal israelita.
A polícia calcula que se encontrem oito mil palestinianos barricados no complexo onde se localiza a Mesquita Al-Aqsa armados com pedras, barras de ferro e cocktails molotov, preparados para um confronto, diz o jornal israelita Haaretz. Para tentar travar mais episódios de violência, foi impedida a entrada de judeus no Monte do Templo.