Trojan Horse: maior festival das indústrias criativas regressa a Tróia em Setembro
Após dois anos em Malta, o festival que junta centenas de artistas da ilustração aos jogos, passando pelo cinema e TV, regressa a Portugal com apoio de um milhão de euros do Estado português.
Tróia vai voltar a ser palco do Trojan Horse was a Unicorn (THU), um dos maiores festivais de entretenimento digital do mundo que junta artistas gráficos, designers, programadores, artistas de animação, guionistas e criadores de videojogos de empresas como a Sony, Netflix, Epic Games (criadores do Fortnite) e o Walt Disney Studio.
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Tróia vai voltar a ser palco do Trojan Horse was a Unicorn (THU), um dos maiores festivais de entretenimento digital do mundo que junta artistas gráficos, designers, programadores, artistas de animação, guionistas e criadores de videojogos de empresas como a Sony, Netflix, Epic Games (criadores do Fortnite) e o Walt Disney Studio.
Depois de duas edições em Malta, o THU — que se descreve como metade festival, metade feira de recrutamento — regressa ao país de origem em Setembro. A iniciativa conta com um milhão de euros de investimento público português para as próximas duas edições (500 mil por ano), com 800 visitantes esperados para a edição de 2021 (sem covid-19, seriam 1400).
“Não é um preço justo. Recebemos propostas melhores, mas eu sou português e é bom ver o Governo a reconhecer, finalmente, o potencial do THU para acrescentar dinheiro ao país e captar talento”, partilha com o PÚBLICO André Luís, que criou o evento em 2013. Durou cinco edições em Portugal antes de mudar-se para a cidade de Valletta, em Malta, por falta de apoios.
O responsável não revela os valores propostos por outras cidades, mas destaca que escolheu Portugal porque acredita que há muito potencial no país. “Esta é das áreas que mais cresceu durante a pandemia e não falta talento em Portugal”, sublinha André Luís. “Acredito que Portugal tem potencial para se tornar uma referência nesta área.”
Segundo dados de 2018 da Comissão Europeia, as indústrias criativas e culturais empregam pelo menos 12 milhões de pessoas e geram 509 mil milhões de euros de valor acrescentado na economia.
Com confinamentos à escala global, os consumidores passaram a depender de serviços de entretenimento digital como as séries, filmes e videojogos. Segundo dados compilados pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE), a indústria dos videojogos é das que mais tem beneficiado da pandemia, com a área a atrair novos fãs. A Steam, uma das principais plataformas de videojogos, registou mais de 23 milhões de jogadores em simultâneo durante o período de Março de 2020, um novo recorde para a empresa.
“A importância do sector digital é cada vez maior e a crescente procura de conteúdos representa novas oportunidades de emprego nas áreas culturais e criativas,” afirmou Graça Fonseca, Ministra da Cultura, num comunicado sobre o regresso do THU em Portugal, notando que o evento é “grande interesse estratégico promover o talento nacional” na área.
Rita Marques, Secretária de Estado do Turismo de Portugal, acrescenta que o THU dá também “um contributo para a estruturação do produto turístico mais digital”.
Cinco dias de experiências ao vivo
Ao todo, o THU dura seis dias com experiências de várias áreas preparadas por vários espaços da península de Tróia para estimular a interacção e a criatividade dos participantes (“membros da tribo”, na gíria do festival). A gastronomia é um dos grandes destaques para 2021.
“É uma área que requer imensa criatividade”, justifica André Luís. “O THU não é um festival tipo Web Summit. O objectivo do THU é facilitar a conexão entre as diferentes pessoas que trabalham nas áreas das indústrias criativas”, continua. “É um festival diferente. Não há bilhetes VIP nem divisões. O director está no mesmo espaço que os programadores, porque queremos retirar as camadas que deixam as pessoas inibidas.”
Se não existirem alterações no calendário devido à pandemia, a edição de 2021 decorre entre 20 a 25 de Setembro. Uma edição virtual, não é opção.
Edição virtual não é opção
“Se não for seguro, adiamos para 2022. Foi o que fizemos em 2020”, sublinha André Luís. É uma opção diferente de feiras de tecnologia como a Web Summit, em Lisboa, ou a CES, em Las Vegas, que tentaram adaptar os eventos a um formato digital com palestras via videoconferência e plataformas de mensagens para facilitar a interacção.
“O THU não faz sentido online. Poucos fazem”, reitera André Luís. “O objectivo de um evento deste tipo é ensinar e promover contactos. É algo que não acontece muito bem num formato digital. Online, as pessoas não têm tempo de responder a todas as mensagens que recebem, não há conexão, e não as pessoas evitam assistir a palestras porque acham que podem ver a gravação mais tarde.”
As datas exactas do próximo THU, em Portugal, serão anunciada em Junho. Os bilhetes devem variar entre os 450 euros (um exclusivo para “pioneiros da tribo” que participaram na edição de 2013) e os 600 euros.
As edições anteriores contaram com a presença de criadores internacionalmente reconhecidos em filmes como Homem-Aranha: no Universo Aranha, Avatar, e Titanic.