Covid-19. Cercas sanitárias em Odemira fazem disparar procura de apoio na “vizinha” Milfontes

Presidente da Junta de Freguesia diz que, nos últimos dias já recorreram à ajuda “mais de 300” imigrantes, principalmente para obter bens alimentares.

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Trabalhador indiano da empresa Maravilha Farms LUSA/MÁRIO CRUZ

A cerca sanitária nas freguesias de São Teotónio e de Almograve fez disparar a procura de apoio por parte da população de imigrantes na ‘vizinha’ Vila Nova de Milfontes, disse esta sexta-feira o presidente da Junta de Freguesia.

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A cerca sanitária nas freguesias de São Teotónio e de Almograve fez disparar a procura de apoio por parte da população de imigrantes na ‘vizinha’ Vila Nova de Milfontes, disse esta sexta-feira o presidente da Junta de Freguesia.

Em declarações à agência Lusa, Francisco Lampreia explicou que “já tinha acontecido” a Loja Social daquela entidade “apoiar um grupo de mais de 100 pessoas, em Janeiro”, numa situação de falta de trabalho nas estufas localizadas na região, mas nos últimos dias já recorreram à ajuda “mais de 300” imigrantes.

“Eles passam a palavra e, neste momento, com a cerca sanitária, que não lhes permite ir trabalhar, a situação piora. Têm de pagar as rendas aos senhorios e mais outras coisas que se ouve por aí falar, das máfias que lhes cobram fortunas para os legalizar e não conseguem”, comentou o autarca.

A Loja Social da Junta de Freguesia de Vila Nova de Milfontes apoia a população carenciada da freguesia através de “um banco alimentar que distribui cabazes”, mas também “roupas que são doadas, lavadas, passadas a ferro e entregues, utensílios para casa” e também este tipo de “ajuda de emergência”.

No entanto, os migrantes que chegam à loja procuram apenas “comida, comida, comida”, frisou Francisco Lampreia. “O que lhes damos são bens não perecíveis, como azeite, óleo, massa, arroz, alguns enlatados, leite, farinha, açúcar. Depois, quando temos donativos de frescos, fazemos também essa distribuição. Ontem [quinta-feira] distribuímos ervilhas e alguns legumes”, precisou.

Os bens têm sido doados por uma empresa agrícola da região, mas sobretudo pela Associação Casas Brancas, um “grupo de empresários de turismo” do concelho de Odemira que, “apesar de sofrerem há bastante tempo com a pandemia, têm sido solidários e conseguido ajudar”.

“Conseguiram reunir cerca de 1200 quilos de comida para distribuir”, contabilizou o autarca, sem conseguir precisar, no entanto, a quantidade exacta de alimentos que foram distribuídos ao longo da última semana.

Por outro lado, o aumento de procura registado nos últimos dias obrigou a Junta de Freguesia a ‘pedir reforços’ noutras fontes. “O lar de Salir tinha produtos em excesso do Banco Alimentar e fomos lá buscar bastantes produtos. Fica um pouco longe, mas valeu a pena”, desabafou Francisco Lampreia.

As freguesias de Longueira-Almograve e São Teotónio, no concelho de Odemira, ao qual pertence também Vila Nova de Milfontes, estão em cerca sanitária desde a semana passada por causa da elevada incidência de covid-19 entre os imigrantes que trabalham na agricultura na região. Na quinta-feira, em Conselho de Ministros, o Governo decidiu que a cerca sanitária vai manter-se, mas com “condições específicas de acesso ao trabalho” a partir de segunda-feira.