Joshua Wong condenado a mais dez meses de prisão em Hong Kong
O activista pró-democracia já estava a cumprir outras sentenças e agora foi condenado por participar na vigília em memória das vítimas do massacre na Praça de Tiananmen.
O activista Joshua Wong, uma das principais figuras do movimento pró-democracia em Hong Kong, foi condenado a mais dez meses de prisão por ter participado, no Verão de 2020, na vigília anual que assinala o massacre na Praça de Tiananmen.
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O activista Joshua Wong, uma das principais figuras do movimento pró-democracia em Hong Kong, foi condenado a mais dez meses de prisão por ter participado, no Verão de 2020, na vigília anual que assinala o massacre na Praça de Tiananmen.
Realizada desde 1990, a vigília foi proibida pela primeira vez no ano passado, com o Executivo do território a justificar a sua decisão com os perigos da pandemia de covid-19.
Apesar da proibição, dezenas de milhares de pessoas acenderam velas em toda a cidade, no dia 4 de Junho, num evento pacífico que ficou marcado por uma breve escaramuça com a polícia anti-motim.
As comemorações da repressão de Tiananmen são proibidas na China continental, mas Hong Kong realiza as maiores vigílias em todo o mundo todos os anos.
Wong, de 24 anos, já estava na prisão devido a outras condenações por participação em protestos, e é um dos 47 activistas que foram acusados de acordo com a lei de segurança nacional aprovada em 2020.
A sentença de 15 meses de prisão foi reduzida para dez meses devido à sua admissão de culpa.
O juiz Stanley Chan também condenou os activistas Lester Shum, Jannelle Leung e Tiffany Yuen a entre quatro e seis meses de prisão. Outros 20 activistas que enfrentam acusações semelhantes vão comparecer no tribunal a 11 de Junho.
“A liberdade de reunião não é ilimitada”, disse o juiz Chan.
O aniversário de Tiananmen atingiu um ponto especialmente sensível na ex-colónia britânica no ano passado, ocorrendo no momento em que Pequim se preparava para introduzir uma nova legislação de segurança que pune com prisão perpétua qualquer coisa que a China veja como subversão, secessão, terrorismo ou conluio com forças estrangeiras.
Este ano, o evento de aniversário do massacre em Tiananmen, a 4 de Junho, é particularmente problemático para Pequim, que celebra o 100º aniversário do Partido Comunista Chinês.
A China nunca forneceu um relato completo da violência na Praça Tiananmen em 1989. O número oficial de mortos é de cerca de 300, a maioria soldados, mas grupos de defesa dos direitos humanos e testemunhas dizem que podem ter morrido milhares de pessoas.
Wong recebeu uma sentença de 13 meses e meio de prisão em Dezembro, por causa de um protesto contra o governo a 21 de Junho de 2019; e uma sentença adicional de quatro meses por participar num protesto não autorizado em Outubro de 2019.
Já na prisão, Wong foi detido em Janeiro por suspeitas de violar a nova lei de segurança ao participar numa votação não oficial para escolher candidatos da oposição numa eleição adiada, que as autoridades descrevem como uma “conspiração perversa para derrubar o governo”.