Pablo Iglesias: “Existe uma ameaça fascista em Espanha e na Europa”

Em entrevista ao El País, o líder do Podemos e candidato às eleições de Madrid considera que a normalização do fascismo é “preocupante e perigosa”.

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Pablo Iglesias alerta para o perigo da extrema-direita em Espanha SUSANA VERA/Reuters

Líder do Unidas Podemos e candidato pelo seu partido às eleições da Comunidade de Madrid, Pablo Iglesias vê o fascismo como uma ameaça real não só em Espanha como na Europa. “Em Espanha normalizou-se o fascismo”, declara Iglesias numa entrevista publicada na edição de domingo do El País, onde fala ainda do futuro do Podemos. 

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Líder do Unidas Podemos e candidato pelo seu partido às eleições da Comunidade de Madrid, Pablo Iglesias vê o fascismo como uma ameaça real não só em Espanha como na Europa. “Em Espanha normalizou-se o fascismo”, declara Iglesias numa entrevista publicada na edição de domingo do El País, onde fala ainda do futuro do Podemos. 

“Existe uma ameaça fascista em Espanha e na Europa. Há quem circunscreva o fascismo às experiências históricas da Alemanha nazi e da Itália fascista na década de 1930. Mas o que vimos nos Estados Unidos nos últimos anos com Trump pode ser descrito como fascismo. Vimos também isso no Brasil com Bolsonaro. E, no caso de Espanha, o que temos é uma força política em que  se alguns de seus elementos vêm dos sectores mais à direita do PP, outros vêm abertamente de organizações neonazis”, alerta Pablo Iglesias, para quem a normalização do fascismo é um dos maiores perigos que Espanha enfrenta.

“Quando o ex-primeiro-ministro Felipe González diz que o Podemos é muito mais perigoso do que o Vox, isso mostra o quanto estamos numa situação em que existe uma vontade de normalizar o fascismo”, diz o antigo vice-ministro para os Direitos Sociais. “Houve mesmo um procurador em Valladolid que disse que há falta de normalidade democrática em Espanha porque há comunistas no Conselho de Ministros. E não recebeu qualquer sanção do Conselho Geral da Magistratura. O problema é quando uma democracia não adopta mecanismos para se defender da extrema-direita e, ao mesmo tempo, mostra que existem poderes do Estado que a normalizam”, acrescenta Iglesias.

Pablo Iglesias foi, recentemente, alvo de ameaças à sua vida, ao receber uma carta anónima com uma mensagem ameaçadora e balas de espingarda. Na entrevista ao El País, o candidato do Unidas Podemos confessa o medo que ainda sente e lamenta que não possa levar os filhos ao parque infantil sem proteção da polícia.

Sobre as eleições de Madrid e as sondagens que dão uma clara vantagem à candidata do Partido Popular, e actual presidente da comunidade de Madrid, Isabel Ayuso, dobrando mesmo os resultados de 2019, Iglesias responde com uma pergunta: “O que fez bem Trump para ter mais votos nas segundas eleições presidenciais do que nas primeiras? Nada. Não tem a ver com fazer melhor. Pelo contrário, o que fez Ayuso em muitos casos roça o criminoso e veremos o que vai acontecer quando for investigada.”

E considera Iglesias que Espanha está actualmente em contraciclo, com a direita a subir? O líder do Podemos considera impossível que PP e Vox possam somar uma maioria dos votos. “É por isso que era tão importante para o sistema que uma força como o Ciudadanos pudesse agir como contra-peso .Infelizmente, parece que o seu espaço cultural foi comido pela direita. E agora existe uma direita ao estilo Trump e uma extrema-direita em modo fascista. É muito importante que todos percebam que a situação, se não a pararmos de forma democrática, é preocupante e perigosa”, sentencia Iglesias.