June Newton (1923-2021): uma força motriz da fotografia

Começou como actriz, até que conheceu Helmut Newton. Primeiro apaixonou-se pelas suas fotografias, depois por ele. Tornou-se fotógrafa.

Foto
June Newton durante a inauguração da exposição Helmut Newton: Permanent Loan Selection, na Fundação Helmut Newton, em 2014 Adam Berry/Getty Images

Começar por dizer que June era a mulher dele, a mulher de Helmut Newton, pode soar ofensivo, injusto e sexista. De certeza que é politicamente incorrecto, basta ler a maioria dos textos que se publicaram depois da morte de June Newton, fotógrafa, directora de arte, editora, curadora, agente e musa de Helmut Newton (1920-2004), talvez o mais marcante fotógrafo de moda do século XX. Há naqueles textos um esforço para destacar June de Helmut; de valorizar (com justiça) a singularidade da sua obra; de dar protagonismo à intensidade dos retratos que captou ao longo de décadas; de sublinhar a sua liberdade e independência criativa. Mas o certo é que a vida de June (como a do marido) conjuga-se mais no plural do que no singular. A dupla que formou com Helmut na vida pessoal e no trabalho é do domínio da osmose. E é por isso que o exercício de tentar separá-los não é só desajustado — é uma injustiça para ambos.

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Começar por dizer que June era a mulher dele, a mulher de Helmut Newton, pode soar ofensivo, injusto e sexista. De certeza que é politicamente incorrecto, basta ler a maioria dos textos que se publicaram depois da morte de June Newton, fotógrafa, directora de arte, editora, curadora, agente e musa de Helmut Newton (1920-2004), talvez o mais marcante fotógrafo de moda do século XX. Há naqueles textos um esforço para destacar June de Helmut; de valorizar (com justiça) a singularidade da sua obra; de dar protagonismo à intensidade dos retratos que captou ao longo de décadas; de sublinhar a sua liberdade e independência criativa. Mas o certo é que a vida de June (como a do marido) conjuga-se mais no plural do que no singular. A dupla que formou com Helmut na vida pessoal e no trabalho é do domínio da osmose. E é por isso que o exercício de tentar separá-los não é só desajustado — é uma injustiça para ambos.