Alunos de escola de Sesimbra aprendem sobre o oceano mergulhando nele

Programa Atlantis transforma o oceano em fonte de literacia com mergulho livre, jogos e aulas de biologia marinha.

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A Escola Básica Navegador Rodrigues Soromenho, em Sesimbra, está a viver, há um mês, uma experiência de ensino inédita em Portugal, em que o oceano é transformado em novas salas de aulas.

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A Escola Básica Navegador Rodrigues Soromenho, em Sesimbra, está a viver, há um mês, uma experiência de ensino inédita em Portugal, em que o oceano é transformado em novas salas de aulas.

A primeira edição do Programa Atlantis, promovido pela Oceans and Flow, que se propõe levar educação ecológica subaquática às escolas, abrange 470 alunos de Sesimbra entre sessões de freediving (mergulho livre), limpeza de praia, palestras com especialistas e até um workshop para incluir algas na dieta alimentar.

No dia 22 de Março, Dia Mundial da Água, os responsáveis por esta inovadora proposta educativa apresentaram-se aos 21 alunos do oitavo ano que vão estar mais directamente envolvidos nas diversas actividades previstas até dia 16 de Junho. São três meses de mergulhos no mar de Sesimbra, aulas de biologia marinha, visita a uma pradaria marinha e outras iniciativas sempre próximas da maresia oceânica.

Até agora já participaram em sessões do oásis, um jogo criado no Brasil que mobiliza a comunidade para o desenvolvimento de um projecto colectivo. “Estamos a jogar em Sesimbra e a envolver as pessoas, a ouvi-las, sobre as necessidades ligadas ao mar, e escutamos os seus sonhos”, relata ao PÚBLICO a coordenadora do Programa Atlantis.

Com este jogo, os estudantes desenvolvem a relações interpessoais e mobilizam a vila. “As actividades têm sempre a ver com mais consciência sobre o oceano, com cuidar do mar de Sesimbra”, diz Violeta Lapa, que é uma das educadoras subaquáticas responsáveis pela idealização do programa.

A responsável, que é terapeuta aquática, mostra satisfação pela forma como o projecto está a decorrer, com o interesse crescente dos jovens participantes. “Está a correr muito bem. Eles estão muito entusiasmados e cheios de vontade de ir para o mar. É bom sentir este envolvimento. Já se vê uma grande transformação, mais atenção, vontade e alegria”, afirma.

A anterior fase de confinamento em que o programa arrancou “alterou um pouco” o que estava planeado, designadamente quanto à logística das embarcações que transportam os alunos e obrigando a que algumas sessões presenciais tivessem de ser feitas à distância, mas, agora, com maior abertura e dias mais quentes, os grupos voltam a poder sentir a água no corpo e a areia nos pés. E é isso que faz a diferença.

“Este é o único programa do género que é mesmo no mar. O conceito do Programa Atlantis é trazer os jovens para os espaços naturais, para eles aprenderem como estar em segurança no mar e cuidar do mar”, sublinha Violeta Lapa. A coordenadora destaca a componente de “ecologia profunda” do projecto. “Traz uma dimensão ética à ecologia, sem hierarquia entre Homem e Natureza, e permite que as pessoas despertem, abram o olhar e os sentidos, e isto provoca uma transformação e a vontade de cuidar”, explica.

“Vamos ensinar como podem cuidar do mar, através da forma como consomem, como cuidam do lixo e noutros pequenos comportamentos. O programa tem esta componente pedagógica, de ensinar como cuidar de uma forma simples e divertida”, acrescenta a terapeuta.

O que une os elementos da Oceans and Flow envolvidos nesta missão em Sesimbra é o gosto pelo mar. “Somos freedivers e vivemos diariamente o poder transformador de uma relação mais próxima com o oceano. Partilhamos a paixão pelo mar e a missão de despertar nas novas gerações o cuidado e afecto pela vida marinha. Com formações distintas na área do desenvolvimento humano, artes e movimento aquático, as nossas valências convergem num método único de educação”, sintetiza a educadora subaquática Cris Santos.

O Programa Atlantis inclui acções abertas à comunidade, como palestras online e um workshop “de corpo e alga”, em que os participantes recolhem algas para aprenderem sobre a sua utilidade alimentar, e vai terminar com uma exposição na marginal da Avenida 25 de Abril, em Sesimbra, com fotografias de todas as etapas do projecto, numa galeria ao ar livre.

Esta primeira edição é financiada pelo EEA Grants e Hydrokompass, com o apoio da Câmara Municipal de Sesimbra e quase duas dezenas de parceiros. A segunda edição ainda não está definida, mas os organizadores planeiam continuar em Sesimbra.