Uma nova poética para revitalizar o cante alentejano

Escritores portugueses vão ser convidados a colaborar com grupos corais alentejanos para dotar o cante de novas palavras.

Foto
John Romão, director do Futurama

O projecto Cantexto, um dos eixos da programação do Futurama – Ecossistema Cultural e Artístico do Baixo Alentejo, quer aproximar o cante alentejano da literatura de hoje, convidando escritores portugueses a partilhar a sua poesia e a sua criatividade com os grupos corais do Baixo Alentejo. A ideia foi defendida esta sexta-feira à tarde pelo director do Futurama, John Romão, que vê nesta revitalização poética do cante um modo de salvaguardar este património imaterial da Unesco.

A verdade faz-nos mais fortes

Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.

O projecto Cantexto, um dos eixos da programação do Futurama – Ecossistema Cultural e Artístico do Baixo Alentejo, quer aproximar o cante alentejano da literatura de hoje, convidando escritores portugueses a partilhar a sua poesia e a sua criatividade com os grupos corais do Baixo Alentejo. A ideia foi defendida esta sexta-feira à tarde pelo director do Futurama, John Romão, que vê nesta revitalização poética do cante um modo de salvaguardar este património imaterial da Unesco.

Numa sessão no Museu Regional de Beja, com a presença da ministra da Cultura, Graça Fonseca, Romão apresentou as várias linhas de programação do projecto Futurama, que vai arrancar em Maio e incidirá nos municípios de Mértola, Castro Verde, Serpa e Beja, propondo ao mesmo tempo um aprofundamento da identidade regional e um conjunto de “diálogos desafiantes entre tradição, contemporaneidade, biodiversidade e sustentabilidade”, envolvendo as populações e comunidades artísticas locais, nacionais e internacionais.

Desenhando uma programação contemporânea “assente nos cruzamentos de disciplinas artísticas (artes visuais, artes performativas, música, cinema, arte digital)”, o Futurama quer criar “novos espaços de interacção, de diálogo e de inclusão”, lê-se no texto assinado pelo seu director, que sublinha que o projecto “não é um ponto de chegada, mas um ponto contínuo de partida em direcção à coesão, à colaboração e ao empoderamento criativo através de uma perspectiva contemporânea”.

O Futurama terá quatro curadores associados em 2021 — Filipa Oliveira, nas artes visuais, Luís Fernandes na Música e Arte Digital, a dupla Joana Gusmão e Nuno Lisboa no Cinema, e Rui Horta nas artes performativas — e a programação estrutura-se em quatro eixos principais, começando por um programa de residências artísticas que, entre Maio e Outubro, acolherá dez artistas de diversas disciplinas que serão convidados a desenvolver novas criações e investigações inspiradas no capital simbólico, cultural, natural e humano do Baixo Alentejo.

O já referido Cantexto decorrerá de Julho a Novembro e porá oito “prestigiados autores portugueses” a escrever para outros tantos grupos corais da região do Baixo Alentejo. Gonçalo M. Tavares, Matilde Campilho, Tiago Rodrigues, Patrícia Portela, José Luís Peixoto e Valério Romão já estão confirmados, faltando apenas anunciar um último nome.

Os Ganhões de Castro Verde, Os Cantadores do Desassossego e Os Alentejanos de Serpa são alguns dos grupos envolvidos.

O programa Constelações, que terá lugar uma vez por mês, visa promover um diálogo entre as práticas culturais tradicionais e práticas artísticas contemporâneas e irá desenvolver-se em três categorias: “Oralidade, visualidade e fisicalidade”. O primeiro momento deste programa reunirá em Castro Verde, sob o signo da oralidade, um ensaiador de cante alentejano, Pedro Mestre, e a artista contemporânea Carincur.

E o quarto eixo do Futurama é o seu extenso programa educativo, que inclui projectos como Geração Futurama, um programa de formação e criação artística para jovens entre 15 e 25 anos, O que é isso do Contemporâneo?, que levará às escolas secundárias do Baixo Alentejo artistas contemporâneos de diversos territórios artísticos para masterclasses e workshops, ou ainda A Revolução Somos Nós, um projecto que celebra o centenário de Joseph Beuys (1921-1986) estimulando os alunos de música do Conservatório Regional do Baixo Alentejo e os estudantes da Escola Artística António Arroio a desenvolver um projecto de criação colectiva que alia a música às artes têxteis.