Icebergues e corpos cibernéticos em patins: mais dois dias da dança

Ana Isabel Castro e Catarina Miranda estrearam as suas novas criações no Festival DDD: Icebergue e Cabraqimera, respectivamente.

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Iceberg é a segunda peça da jovem coreógrafa Ana Isabel Castro JOSÉ CALDEIRA

Um longo blackout deixa-nos a sós com as sonoridades soturnas e metálicas de Undoing a luciferian towers, da banda pós-rock Godspeed You! Black Emperor, que ascendem lentamente em direcção a um desassombramento vibrante e comunal. Descem cores como o azul, o roxo e o carmim, num palco com cortinas em semi-círculo, e o fumo desenha figuras fantasmagóricas enquanto a música reverbera na pele. Repete-se o blackout. No silêncio, um flash de luz recorta no fundo do palco uma janela suspensa onde vislumbramos, por segundos, uma figura em branco. É o arcanjo da anunciação, não só do filho que há-de vir, como relata a mitologia bíblica, mas de Iceberg, a mais recente e intrigante obra da jovem coreógrafa Ana Isabel Castro, que se estreou na passada terça-feira no DDD – Festival Dias da Dança. Uma obra que evoca a condição feminina no que esta tem de intransmissível — a potencialidade biológica para a maternidade e o direito a escolher interrompê-la , reclamando a autonomia da mulher como agente sobre si mesma e sobre o mundo.

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Um longo blackout deixa-nos a sós com as sonoridades soturnas e metálicas de Undoing a luciferian towers, da banda pós-rock Godspeed You! Black Emperor, que ascendem lentamente em direcção a um desassombramento vibrante e comunal. Descem cores como o azul, o roxo e o carmim, num palco com cortinas em semi-círculo, e o fumo desenha figuras fantasmagóricas enquanto a música reverbera na pele. Repete-se o blackout. No silêncio, um flash de luz recorta no fundo do palco uma janela suspensa onde vislumbramos, por segundos, uma figura em branco. É o arcanjo da anunciação, não só do filho que há-de vir, como relata a mitologia bíblica, mas de Iceberg, a mais recente e intrigante obra da jovem coreógrafa Ana Isabel Castro, que se estreou na passada terça-feira no DDD – Festival Dias da Dança. Uma obra que evoca a condição feminina no que esta tem de intransmissível — a potencialidade biológica para a maternidade e o direito a escolher interrompê-la , reclamando a autonomia da mulher como agente sobre si mesma e sobre o mundo.