O Gosto dos Outros discute-se e há um ciclo de conferências para o provar

Cinco viagens gastronómicas para perceber como o nosso gosto – individual e enquanto povo – é moldado e influenciado. É O Gosto dos Outros, uma série de conferências para saborear presencial e semanalmente, no CCB, a partir de segunda-feira.

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Na senda da declaração de Ferran Adrià de que “a maior rede social do mundo é a comida”, o jornalista gastronómico Fortunato da Câmara – autor de livros como Viver Portugal com Mediterrâneo à Mesa e actualmente crítico gastronómico do Expresso – organiza e modera O Gosto dos Outros, um ciclo de conferências que se move nas “encruzilhadas da história e da antropologia da alimentação”, escreve na nota de apresentação. O objectivo é questionar aquilo que hoje damos como certo no prato, com notas de viagens e memórias, e abrir o apetite a “uma saborosa investigação que nos demora uma vida inteira”.

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Na senda da declaração de Ferran Adrià de que “a maior rede social do mundo é a comida”, o jornalista gastronómico Fortunato da Câmara – autor de livros como Viver Portugal com Mediterrâneo à Mesa e actualmente crítico gastronómico do Expresso – organiza e modera O Gosto dos Outros, um ciclo de conferências que se move nas “encruzilhadas da história e da antropologia da alimentação”, escreve na nota de apresentação. O objectivo é questionar aquilo que hoje damos como certo no prato, com notas de viagens e memórias, e abrir o apetite a “uma saborosa investigação que nos demora uma vida inteira”.

À mesa é levado um tema por sessão, cada um deles explicado por um convidado que o domina. Vinho, sementes e chocolate fazem parte da ementa que se abre a 3 de Maio, às 18h30, e à qual se volta a cada segunda-feira do mês, sempre à mesma hora. Os encontros decorrem à beira-Tejo, na ampla sala Ribeiro da Fonte, do Centro Cultural de Belém, por detrás das grandes vidraças com vista para o rio e para o Jardim das Oliveiras. 

Para começo de conversa, André Magalhães, adepto de reavivar sabores de outros tempos na sua Taberna da Rua das Flores, fala d’ O sabor e o gosto, uma evolução social, numa sessão focada na penetração do receituário galego e italiano nas ementas lisboetas, a partir do século XIX. 

A próxima paragem (dia 10) traz outra viagem no tempo, recuando ao século XVI para semear conhecimentos sobre os caminhos da agricultura e da alimentação na Península Ibérica. É conduzida por Dulce Freire, investigadora e coordenadora do projecto ReSeed, chamada a discorrer sobre As sementes e as plantas viajantes

Ao jornalista João Paulo Martins, crítico de vinhos com mais de 30 anos de experiência, caberá debruçar-se sobre Os vinhos que se moldaram no tempo (dia 17) e provar que “o corpus gustativo de cada um e os seus percursos foram sendo ajustados aos mercados que os procuravam”, anuncia a sinopse da sessão.

O aroma do chocolate entra no cardápio pelas palavras de Fátima Moura, autora do livro Do Cacau ao Chocolate (dia 24). De líquido amargo a doce sólido dá o mote a uma jornada histórica que vai da simplicidade da fava de cacau aos múltiplos descritores de sabores trazidos pela sua transformação, com passagem pelos lotes, os terroirs e as formas de apreciar.

Para o final, fica a proposta mais doce: a historiadora Isabel Drumond Braga expõe a Doçaria portuguesa: influenciadora social (dia 31), para falar do açúcar enquanto ingrediente valioso e “uma marca que persiste até hoje e nos distingue no receituário doceiro, que teve ramificações internacionais até lugares insuspeitos”. 

Os bilhetes para cada sessão d’O Gosto dos Outros custam 6€; o passe para todas fica em 25€. A lotação está limitada a 63 pessoas, mas ninguém será impedido de provar esta partilha de conhecimentos, uma vez que o ciclo será gravado para futura visualização em plataformas digitais.