Dois jornalistas espanhóis mortos num ataque no Burkina Faso

O ataque não foi reivindicado, mas o Burkina Faso tornou-se nos últimos anos num dos países mais afectados pela violência jihadista que ali chegou vinda do Mali.

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A violência no Burkina Faso matou cinco mil pessoas desde 2015 Reuters

Os jornalistas David Beriáin e Roberto Fraile estavam desaparecidos desde segunda-feira, quando a coluna de viaturas em que viajavam foi atacada por um grupo armado numa estrada no Leste do Burkina Faso. A ministra dos Negócios Estrangeiros espanhola, Arancha González Laya, confirmou agora que foram mortos, apesar de ter divulgado apenas as suas iniciais, explicando estar à espera de uma confirmação oficial da identidade das vítimas encontradas.

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Os jornalistas David Beriáin e Roberto Fraile estavam desaparecidos desde segunda-feira, quando a coluna de viaturas em que viajavam foi atacada por um grupo armado numa estrada no Leste do Burkina Faso. A ministra dos Negócios Estrangeiros espanhola, Arancha González Laya, confirmou agora que foram mortos, apesar de ter divulgado apenas as suas iniciais, explicando estar à espera de uma confirmação oficial da identidade das vítimas encontradas.

Várias fontes de segurança no Burkina Faso e outros responsáveis em Espanha citados por diferentes jornais confirmam a morte dos jornalistas. A agência AFP falou com pessoas na zona que dizem que há ainda um irlandês que permanece desaparecido e que pelo menos três pessoas ficaram feridas. Diferentes media europeus já tinham noticiado o desaparecimento de três jornalistas ocidentais, enquanto alguns media locais afirmam que os três ocidentais foram “executados”.

Os jornalistas foram atacados perto do parque natural de Arli, onde estavam a filmar um documentário sobre a luta das autoridades do Burkina Faso contra a caça furtiva. 

Segundo a descrição do jornal El País, os espanhóis viajavam numa coluna com várias carrinhas de caixa aberta e umas 20 motas e com eles seguiam outros jornalistas e activistas da área do ambiente, para além de uma escolta militar e uma patrulha que actua contra a caça. Percorriam a estrada que une as localidades de Fada N’Gourna e Pama, no Leste do país, quando os espanhóis terão descido de uma das carrinhas para tirar fotografias com um drone – foi nesse momento que começou o ataque, lançado por homens armados que chegaram em duas camionetas e numa dezena de motos.

“É uma zona perigosa, campo habitual de grupos terroristas e de bandidos”, diz a ministra González Laya, lamentando um dia “muito triste" para o jornalismo.

A violência tem vindo a crescer no Burkina Faso, que nos últimos anos se tornou num dos países mais afectados pelas operações de grupos jihadistas no Sahel. Desde 2015, quando se registaram os primeiros ataques, já houve cinco mil mortos – metade só em 2020, segundo dados da organização não-governamental Acled – e mais de um milhão de pessoas tornaram-se deslocadas internas.

Estes grupos chegaram ao país vindos do Mali, pelo Norte, mas rapidamente aumentaram o seu raio de acção. Para além da presença de movimentos ligados à Al-Qaeda e ao Daesh, o Burkina Faso, um dos países mais pobres do mundo, funciona também como centro de actividade de muitos grupos envolvidos no tráfico de armas.