Nos Camarões, “quando se trata de odiar a comunidade LGBTQ, juntam-se todos”, diz activista

Bandy Kiki trocou os Camarões pelo Reino Unido, onde passou a poder expressar livremente a sua sexualidade. Agora, fala sobre a perseguição a duas mulheres transgénero no país onde nasceu .

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Sharon McCutcheon/Unsplash

Vinda dos Camarões, onde dizer que é lésbica a poderia levar à prisão, a activista e influencer Bandy Kiki teve dificuldades em ajustar-se à nova segurança, depois de emigrar para o Reino Unido há uma década.

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Vinda dos Camarões, onde dizer que é lésbica a poderia levar à prisão, a activista e influencer Bandy Kiki teve dificuldades em ajustar-se à nova segurança, depois de emigrar para o Reino Unido há uma década.

A homossexualidade é um crime punível com prisão até cinco anos nos Camarões. “Fico sempre a pensar: ‘A polícia não vai aparecer e prender toda a gente?’”, disse, sobre os encontros com membros da comunidade lésbica, gay, bissexual e transexual (LGBT) de Manchester.

“Os meus amigos estão sempre a dizer-me, ‘Kiki, é legal neste país, relaxa.’ Mas eu respondo, “Não, porque às vezes a lei diz uma coisa e a polícia faz outra’”, disse à Reuters, numa entrevista via Skype a partir de Manchester.

À medida que os direitos LGBT avançam em diversos países por todo o mundo, Kiki disse que vê com desapontamento o reforço de políticas homofóbicas no seu país. Nas últimas semanas, tem divulgado um caso dos Camarões: duas mulheres transgénero foram presas por “homossexualidade tentada”, em Fevereiro, por usarem roupa de mulher num restaurante.

As duas mulheres, Loic Njeukam, uma celebridade das redes sociais local conhecida como Shakiro e Roland Mouthe, mais conhecida como Patrícia, passaram mais de dois meses na prisão à espera que o seu julgamento começasse.

“Vida no inferno”

O tribunal, na cidade costeira de Douala, deverá ouvir as alegações esta segunda-feira. Um veredicto de culpado poderá significar uma sentença de até cinco anos.

A experiência de Loic e Roland na prisão é, segundo a advogada de ambas, Alice Nkom, “uma vida no inferno”. Elas são gozadas e ameaçadas por prisioneiros e guardas, e apenas têm segurança se pagarem por ela, disse Alice.

Desde Maio de 2020, 53 pessoas foram presas depois de ataques a organizações de HIV e sida, sendo que algumas reportaram terem sido agredidas e forçadas a exames anais para confirmar as acusações de homossexualidade, disse a Human Rights Watch. As detenções são parte de um “crescimento na acção policial” contra minorias sexuais, acrescentou.

Kiki diz que a repressão da comunidade LGBT nos Camarões é um sintoma de um problema maior enraizado na sociedade camaronesa. “A homofobia está colada aos camaroneses”, disse Kiki. “Quando se trata de odiar a comunidade LGBTQ, eles juntam-se todos.”