Mineiros da Panasqueira iniciam greve por aumentos salariais
Paralisação de duas horas por dia estende-se até ao próximo dia 8 de Maio. Trabalhadores exigem aumentos salariais e melhores condições laborais. Empresa acusa sindicatos de “intransigência”, por pedirem aumentos de 6,05% a uma empresa que acumula prejuízos
As propostas de aumentos salariais feitas pela administração da empresa que está a gerir as Minas da Panasqueira são “inaceitáveis”, porque dinheiro à empresa “é coisa que não falta”, dizem os trabalhadores. Pedem aumentos de 50 euros – o que equivale a aumentos de 6,05%, diz a administração.
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As propostas de aumentos salariais feitas pela administração da empresa que está a gerir as Minas da Panasqueira são “inaceitáveis”, porque dinheiro à empresa “é coisa que não falta”, dizem os trabalhadores. Pedem aumentos de 50 euros – o que equivale a aumentos de 6,05%, diz a administração.
A empresa que detém a concessão mineira, a Beralt Tin and Wolfram Portugal, diz que ofereceu aumentos de 1,6%, mas que os sindicatos estão intransigentes, e estão a pedir aumentos a uma empresa que tem acumulado prejuízos nos últimos anos.
Com posições extremadas, e as costumeiras divergências de discurso, começou esta segunda-feira a greve dos mineiros da Panasqueira, que se vai prolongar até ao próximo dia 8 de Maio. Segundo a Fiequemetal, a federação intersindical afecta à CGTP que abrange a indústria mineira, a greve está a ter uma adesão “massiva”.
A paralisação foi convocada para decorrer durante duas horas por dia, até ao próximo dia 8 de Maio, e para abranger todo o trabalho extraordinário. Os trabalhadores exigem melhores salários, mas também uma melhoria das condições de trabalho, o exercício do direito à formação profissional certificada, e a realização dos exames médicos periódicos.
A administração da Beralt Tin and Wolfram Portugal, propriedade do grupo canadiano Almonty, acusa os trabalhadores de insistir em pedir aumentos salariais de 6,05% por trabalhador – “aumentos seis vezes superiores à inflação” – a uma empresa que tem prejuízos acumulados de “mais de quatro milhões de euros”.
Segundo a empresa, o sindicato (STIM) manteve “intransigente e incompreensivelmente” a exigência de um aumento do salário base de 50 euros mês por trabalhador, depois de a empresa ter, “apesar das dificuldades”, aumentado a proposta inicial de um aumento base de 0,5% para 0,75%, bem como dos subsídios de turno. “O que, concentrando tudo no salário base, representa um aumento de 1,6%”, refere a empresa.
Os mineiros não acatam a versão da empresa ter dificuldades económicas, e notam o facto de a Beralt Tin ter requerido à DGEG a celebração de um contrato administrativo para atribuição directa da concessão denominada “Banjas”, numa área de 1.185,475 hectares abrangidas pelos concelhos de Gondomar, Paredes e Penafiel, localizados no distrito do Porto. A empresa pretende ter a concessão de exploração de depósitos minerais de ouro, prata, cobre, chumbo, zinco, estanho, tungsténio e outros minerais associados.
Para além dos novos investimentos, o sindicato refere ainda a notícia de que o grupo Plansee comprou mais de 10 milhões e meio de acções ao grupo Almonty, no valor de 11,2 milhões dólares (cerca de 10 milhões de euros). Para o STIM, “dinheiro é coisa que não falta” e a satisfação das reivindicações dos trabalhadores seriam apenas “trocos” para o grupo Almonty e para os novos accionistas.
As Minas da Panasqueira funcionam há mais de cem anos, abrangem os concelhos da Covilhã e do Fundão e são a única exploração de extracção de volfrâmio (tungsténio) a laborar em Portugal. Empregam actualmente cerca de três centenas de trabalhadores.