Aos 100 dias, Biden tem melhor nota do que Trump mas fica atrás de todos os outros

O Presidente dos EUA passa com distinção no combate à pandemia, contando com 33% de apoio entre os republicanos. Mas a apreciação geral continua a mostrar uma profunda divisão entre partidos, tal como aconteceu durante a Administração Trump.

Foto
Joe Biden tomou posse a 20 de Janeiro Reuters/JONATHAN ERNST

À entrada da semana em que Joe Biden cumpre o 100.º dia como Presidente dos EUA, uma sondagem do Washington Post e da ABC confirma a tendência de afastamento na última década entre republicanos e democratas, com as opiniões a oscilarem de forma muito mais pronunciada do que em épocas anteriores, consoante os líderes representam um ou outro partido.

A verdade faz-nos mais fortes

Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.

À entrada da semana em que Joe Biden cumpre o 100.º dia como Presidente dos EUA, uma sondagem do Washington Post e da ABC confirma a tendência de afastamento na última década entre republicanos e democratas, com as opiniões a oscilarem de forma muito mais pronunciada do que em épocas anteriores, consoante os líderes representam um ou outro partido.

No total dos eleitores inquiridos, 52% consideram que Biden tem feito um bom trabalho, contra 42% que desaprovam a actuação do Presidente dos EUA desde a tomada de posse, a 20 de Janeiro.

Os 11 pontos positivos na avaliação da presidência Biden representam uma significativa melhoria em relação aos 42% de aprovação e 53% de desaprovação que Donald Trump tinha ao fim de 100 dias na Casa Branca. Mas não contam a história toda, porque Trump teve, de longe, o pior registo de qualquer outro Presidente dos EUA nas últimas sete décadas.

Excluindo Trump, nenhum outro Presidente desde Dwight Eisenhower, há 68 anos, registou uma diferença tão pequena entre a nota positiva e a nota negativa como Joe Biden. E só Gerald Ford, que chegou à Casa Branca com a demissão de Richard Nixon, em Agosto de 1974, registou uma taxa de aprovação nos primeiros 100 dias mais baixa do que Biden (48%-32%).

O ambiente de grande polarização na política dos EUA mantém-se desde o final do primeiro mandato de Barack Obama, uma situação que não era tão pronunciada antes disso – o próprio Presidente Obama beneficiou de 69% de aprovação no final dos seus primeiros 100 dias na Casa Branca, em 2009.

Antes, George W. Bush teve 63% de aprovação ao fim de 100 dias (cinco meses antes dos atentados terroristas de 11 de Setembro de 2001); Bill Clinton registou 59%; e George Bush e Ronald Reagan chegaram aos 71% e 73% respectivamente.

A nota de Biden assenta em 90% de opiniões positivas no eleitorado do Partido Democrata, contra uma aprovação de apenas 13% entre os republicanos e 47% entre os independentes.

Em 2017, os 42% de aprovação de Trump ao fim de 100 dias resultavam de 84% de opiniões positivas de republicanos e 13% de democratas, com os independentes a desequilibrarem os pratos da balança (apenas 38% a favor).

Imigração negativa

A opinião sobre o estado da economia é outro exemplo da profunda divisão entre partidos. Embora a opinião geral não tenha sofrido alterações em relação a Setembro de 2020 (58% de opiniões negativas), a confiança dos democratas subiu de 18% para 49%, e a dos republicanos desceu de 69% para 35%.

Em termos de políticas específicas, Biden é elogiado pelo combate à pandemia de covid-19, com 64% dos inquiridos a darem uma nota positiva ao Presidente dos EUA, incluindo 33% de republicanos. No extremo oposto está a resposta à situação na fronteira com o México, com 53% dos inquiridos a desaprovarem a prestação da Casa Branca.

Em jeito de aviso para o futuro das propostas mais ambiciosas do Presidente Biden e da ala mais progressista do Partido Democrata – que só podem contar com a escassa maioria democrata no Congresso até às eleições de Novembro de 2022 –, 60% dos inquiridos dizem preferir que Biden dialogue com os republicanos na aprovação de leis, mesmo que isso o obrigue a fazer concessões significativas.