Odemira: uma vila-fantasma enterrada no pesadelo da covid
Neste concelho com mais de 100 quilómetros de extensão e várias realidades – da urbana à rural – é difícil justificar o crescente número de casos. Condições de habitação dos trabalhadores migrantes são “combinação explosiva” para surtos, mas não explicam tudo: incidência em Odemira é 14 vezes superior à média do continente.
É fácil encontrá-los nas ruas. Muitos não querem falar. Os que aceitam batem-se entre duas línguas que, muitas vezes, não dominam. É assim com Bihkal, 27 anos, que veio do Nepal e trabalha na apanha da framboesa no concelho de Odemira. Apanhamo-lo no momento em que sai da carrinha que o transporta do trabalho para casa, no fim de mais um dia, pelas 18h. Como ele, pelo menos outros cinco trabalhadores dirigem-se para casa.