Segurança no Sahel pode estar comprometida após morte do Presidente de Chade
Instabilidade política no Chade após a morte de Idriss Déby ameaça futuro do combate contra grupos jihadistas que operam na África Central e Ocidental.
O G5 do Sahel, grupo composto pelo Chade, Burkina Faso, Mali, Mauritânia e Níger, reuniu-se esta sexta-feira, antes do funeral do Presidente chadiano Idriss Déby, com o Presidente francês Emmanuel Macron, para demonstrar o apoio a uma transição civil em prol da estabilidade e segurança da região, avançou a Reuters. Os líderes regionais temem que a potencial instabilidade política no Chade possa comprometer os esforços internacionais no combate à ameaça jihadista na África Central e Ocidental.
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O G5 do Sahel, grupo composto pelo Chade, Burkina Faso, Mali, Mauritânia e Níger, reuniu-se esta sexta-feira, antes do funeral do Presidente chadiano Idriss Déby, com o Presidente francês Emmanuel Macron, para demonstrar o apoio a uma transição civil em prol da estabilidade e segurança da região, avançou a Reuters. Os líderes regionais temem que a potencial instabilidade política no Chade possa comprometer os esforços internacionais no combate à ameaça jihadista na África Central e Ocidental.
A subida ao poder do filho do antigo Presidente, Mahamat Déby - num “golpe de Estado institucional”, nas palavras da oposição chadiana - e a ameaça do grupo rebelde FACT podem ter um impacto directo sobre a região. E as dúvidas recaem sobre a capacidade de Mahamat, de 37 anos, para suceder ao pai, porque “ninguém no regime chadiano, seja filho ou sobrinho, será capaz de liderar o país como Déby o fez”, argumentou ao Financial Times um diplomata francês conhecedor da política francesa em África.
Vincent Foucher, investigador do Centro Nacional de Investigação Científica de França e especialista na região, acredita por sua vez que N’Djamena reduzirá a sua presença militar no Lago Chade. Aliás, há relatos da retirada de militares que estavam perto da fronteira com o Burkina Faso, segundo avançou a Al-Jazeera, “dando margem de manobra ao Boko Haram e aos insurgentes para operar”, disse Foucher.
O Chade “desempenha um papel importante na estabilidade do Sahel, uma região onde as crises humanitárias e as deslocações forçadas de populações acontecem com regularidade”, afirmou o Alto-Comissário das Nações Unidas para os Refugiados, Filippo Grandi, citado pela Lusa. “A instabilidade política torna a situação perigosa”, acrescentou.
Na mesma linha, o Presidente nigeriano, Muhammadu Buhari, reconheceu que a morte do seu homólogo deixará um “grande vazio” na luta contra o terrorismo na região, particularmente no nordeste da Nigéria, refere o Le Monde. “Os terroristas têm medo dos chadianos”, disse à AFP um funcionário nigeriano, temendo que sem a sua presença a ameaça fundamentalista pode intensificar-se.
A zona do sudoeste do país, junto ao Lago Chade e da fronteira com a Nigéria, tem sofrido com a presença violenta de grupos insurgentes. Ainda na semana passada, milhares de pessoas fugiram do nordeste da Nigéria devido a ataques de insurgentes, incluindo as agências humanitárias que operavam na região.
Idriss Déby governou o Chade com punho firme, aspecto ignorado pelos aliados ocidentais, que o consideravam um importante aliado militar. Os bem treinados e equipados soldados chadianos têm sido essenciais no combate contra o Boko Haram e outros grupos ligados ao Daesh e à Al-Qaeda, operando também junto das fronteiras com o Níger, Mali e Burkina Faso.
A França é o principal aliado ocidental do Chade, com cinco mil soldados destacados na Operação Barkhane. “O Chade foi sempre considerado o pilar da aliança francesa no Sahel, agora em perigo”, disse ao Financial Times um diplomata europeu na região. Já o ministro da Defesa francês, Jean-Yves Le Drian, afirmou numa entrevista ao canal France 24 que a estabilidade do Chade não só é crucial para o Sahel “como também para a segurança da Europa”.