Jorge Sobrado já tem um movimento de apoio. Só não sabe ainda se será candidato a Viseu

Com a morte do autarca de Viseu, Almeida Henriques, o PSD terá de escolher um sucessor. Incentivado por um grupo de personalidades, o ex-vereador da Cultura promete que nos próximos dias revelará qual o papel que quer ter no processo eleitoral.

Foto
Jorge Sobrado

Órfãos do “projecto muitas vezes esperançoso” de Almeida Henriques, cerca de duas dezenas de personalidades de Viseu e não só subscreveram uma carta aberta pedindo ao ex-vereador da Cultura Jorge Sobrado, que foi durante anos o braço-direito do autarca que morreu no início do mês, que se envolva no debate autárquico que já está em curso. O redactor do apelo, o actor e encenador Guilherme Gomes, não esconde que gostaria de ver o autarca, actualmente sem pelouros, como candidato ao município mas, em declarações ao PÚBLICO, Sobrado não se compromete, para já, com mais do que uma vontade, assumida, de debater o futuro da cidade.

A verdade faz-nos mais fortes

Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.

Órfãos do “projecto muitas vezes esperançoso” de Almeida Henriques, cerca de duas dezenas de personalidades de Viseu e não só subscreveram uma carta aberta pedindo ao ex-vereador da Cultura Jorge Sobrado, que foi durante anos o braço-direito do autarca que morreu no início do mês, que se envolva no debate autárquico que já está em curso. O redactor do apelo, o actor e encenador Guilherme Gomes, não esconde que gostaria de ver o autarca, actualmente sem pelouros, como candidato ao município mas, em declarações ao PÚBLICO, Sobrado não se compromete, para já, com mais do que uma vontade, assumida, de debater o futuro da cidade.

Um grupo de reflexão? Uma candidatura independente? Uma candidatura de génese cidadã em coligação com forças partidárias que se comprometam com o que defendem para Viseu. Os cenários são vários, e estão todos em cima da mesa. Guilherme Gomes não esconde que preferia qualquer um que implicasse uma candidatura de Jorge Sobrado, mas o quadro e actual braço-direito do presidente da Comissão de Coordenação da Região Norte pede que o deixem reflectir. “É tempo de ouvir quem escreveu essa carta”, explicou ao PÚBLICO, prometendo, para os próximos dias, uma definição do seu papel no processo eleitoral. 

Sobrado foi adjunto e depois vereador da Cultura, Património, Turismo e Marketing Territorial de Viseu. Guilherme Gomes descreve-o como um actor importante do projecto de António Almeida Henriques, que morreu a 4 de Abril vítima da covid-19. Semanas antes de o autarca adoecer, o caminho de ambos tinha-se afastado, com Jorge Sobrado a deixar todos os pelouros no executivo, mantendo-se, ainda assim, solidário com a maioria como autarca sem pelouros. Mas já tinha deixado claro, também, que não entraria nas listas do PSD nas próximas eleições. A estrutura local do partido viu-o, aliás, quase sempre como um intruso em ascensão.

A morte de Almeida Henriques veio baralhar o que seria o caminho óbvio no campo social-democrata. Mas alheios às escolhas que o PSD terá de fazer, um grupo de cidadãos decidiu mobilizar uma eventual alternativa, divulgando um apelo a Jorge Sobrado numa “Carta da Primavera”, dada a conhecer esta quinta-feira, e que contará com um espaço online, o Viseu Ágora. 

“Ninguém é dono da política”, insistiu Guilherme Gomes, o subscritor proponente de um apelo que tem as assinaturas do encenador Ricardo Pais, da artista plástica Graça Abreu, dos músicos Pedro Abrunhosa, Samuel Úria e Luís Clara Gomes, da antiga directora do Museu Grão Vasco Paula Cardoso, do médico e antigo director do Hospital de São Teotónio Jorge Reis, do arqueólogo Pedro Sobral e do último moleiro tradicional de Vildemoinhos, Firmino Toipa, entre outras personalidades do ensino, da cultura e do sector empresarial.

“O desenvolvimento que provocou em domínios como a Cultura, o Património, material e imaterial, erudito e popular, a inclusão social, a democracia participativa, a promoção da cidade e a afirmação de um turismo sustentável e diferenciador, a capacidade de cativar talentos de fora da cidade, e de impulsionar talentos locais, é evidente não apenas para os que vivem em Viseu, mas para aqueles que, de fora, observam a cidade”, afirmam. 

“Agora, quando ao olhar para a cidade de Viseu reconhecemos uma face mais humanista, plural e oxigenada, criativa e inovadora, aberta à região, ao país e a novas sensibilidades e tendências, devemos pensar no percurso que a cidade começou nos últimos anos e na sua evolução”, insistem, considerando que o futuro de Viseu reclama, agora, que os seus melhores digam “presente”.