Tropas russas vão retirar da fronteira com a Ucrânia, mas artilharia permanece

Presidente ucraniano espera que a tensão entre os dois países acalme mas garante que vai manter-se “vigilante”.

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Forças armadas ucranianas na região de Donbass, perto da fronteira com a Rússia, onde a tensão escalou nas últimas semanas OLEKSANDR KLYMENKO/Reuters

O Ministro da Defesa russo, Sergei Shoigu, anunciou esta quinta-feira que as unidades militares que se encontravam junto à fronteira com a Ucrânia vão voltar para as suas bases, uma vez que foi atingido o objectivo de demonstrar “a sua capacidade de providenciar uma defensa sólida do país”. A decisão surge semanas depois de semanas de tensão crescente entre os dois países, devido à mobilização de mais de 100 mil soldados russos.

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O Ministro da Defesa russo, Sergei Shoigu, anunciou esta quinta-feira que as unidades militares que se encontravam junto à fronteira com a Ucrânia vão voltar para as suas bases, uma vez que foi atingido o objectivo de demonstrar “a sua capacidade de providenciar uma defensa sólida do país”. A decisão surge semanas depois de semanas de tensão crescente entre os dois países, devido à mobilização de mais de 100 mil soldados russos.

Algumas unidades do Exército e da Força Aérea serão retiradas até 1 de Maio, mas a artilharia manter-se-á junto à fronteira, equipada com vários mísseis, centenas de camiões e tanques, diz o New York Times, para um segundo grande exercício militar agendado para o Outono deste ano. Não foram referidos, no entanto, os exercícios a decorrer no Mar Negro, perto da costa ucraniana.

O anúncio mereceu uma partilha no Twitter do Presidente ucraniano, Volodimir Zelensky, que recebeu com agrado o recuo das tropas, reduzindo “proporcionalmente” as tensões junto à fronteira, porque a “Ucrânia procura a paz”. Não obstante, o Governo de Kiev vai manter-se “vigilante”, ao mesmo tempo que agradece “aos parceiros internacionais pelo apoio”.

A mobilização foi justificada por Shoigu com a realização de exercícios para verificar a prontidão do Exército junto à região de Donbass e da península da Crimeia, anexada pela Rússia em 2014. Quando a tensão entre os dois países começou a escalar, Kiev acusou Moscovo de “ameaçar a Ucrânia com a destruição”.

Mas alguns observadores ocidentais acreditam que Moscovo tinha um motivo ulterior: mandar a mensagem a Kiev e à Casa Branca que a Rússia estava pronta para defender os “interesses de segurança”, nas palavras do Presidente Vladimir Putin, refere o Guardian.

Ciente dessa motivação, “a posição da Ucrânia não vai mudar”, disse na quinta-feira o consultor de segurança nacional de Zelensky, Oleksiy Danilov, citado pelo New York Times, alertando para o facto de a Rússia querer “trazer de volta o império de acordo com as fronteiras que existiram no século anterior”.

Vários países ocidentais e entidades internacionais, como a NATO e a União Europeia, mostraram-se preocupados com a ofensiva russa, oferecendo o seu apoio à Ucrânia. O Presidente norte-americano, Joe Biden, em particular, deixou o alerta a Putin para não iniciar acções militares.

A tensão entre EUA e Rússia aumentou quando as autoridades norte-americanas impuseram mais sanções sobre a Rússia, em retaliação pelos ciberataques levados a cabo por Moscovo e pela interferência nas eleições norte-americana. O Kremlin retribuiu as sanções e acusou as potências ocidentais de estarem a “ultrapassar os limites”, ameaçou Putin no discurso anual do estado da nação.