Caminhos de Santiago: união a Norte para requalificar 234 quilómetros do Caminho de Torres

Cinco comunidades intermunicipais juntam forças para melhorar um troço que vai da Ponte do Abade (Sernancelhe, Viseu) à ponte internacional sobre o rio Minho (Valença do Minho, Viana do Castelo). Na íntegra, o Caminho de Torres tem 600km e está planeado para 24 dias de caminhadas.

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Nelson Garrido

Os melhoramentos a troços dos Caminhos de Santiago continuam: depois do Alentejo e Ribatejo terem o primeiro Caminho Português de Santiago certificado, do Minho e Galiza se unirem para unidos para certificar e renovar um dos trilhos mais antigos, de Mirandela e Valpaços a investirem nos seus troços ou de um novo guia ilustrado pelos caminhos de Braga a Compostela, eis agora um novo projecto de união para investir no Caminho de Torres.

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Os melhoramentos a troços dos Caminhos de Santiago continuam: depois do Alentejo e Ribatejo terem o primeiro Caminho Português de Santiago certificado, do Minho e Galiza se unirem para unidos para certificar e renovar um dos trilhos mais antigos, de Mirandela e Valpaços a investirem nos seus troços ou de um novo guia ilustrado pelos caminhos de Braga a Compostela, eis agora um novo projecto de união para investir no Caminho de Torres.

Cinco comunidades intermunicipais (CIM) do Norte de Portugal uniram-se para requalificar e valorizar este caminho, um projecto que representa um investimento de um milhão de euros.

O projecto “Valorização Cultural e Turística do Caminho de Santiago - Caminho de Torres” junta as comunidades intermunicipais do Tâmega e Sousa, a entidade líder, em parceria com as do Alto Minho, do Ave, do Cávado e do Douro.

Os promotores explicaram, em comunicado, que, nesta fase, o projecto estabeleceu uma área de intervenção de 234 quilómetros, entre a Ponte do Abade (Sernancelhe, distrito de Viseu) e a ponte internacional sobre o rio Minho (Valença do Minho, distrito de Viana do Castelo), correspondente à extensão do território de influência das cinco CIM parceiras.

“O objectivo do projecto é o reconhecimento nacional e internacional do Caminho de Torres, que vai permitir aumentar o número de visitantes nos sítios e atracções culturais ou naturais associados ao Caminho de Torres, bem como contribuir para a valorização da identidade cultural das regiões envolvidas no projecto”, afirmaram as entidades promotoras.

Ao longo do caminho foi instalada sinalética padronizada de acordo com as normas internacionais do Plano Xacobeo, ainda áreas de descanso e painéis informativos.

Foram também produzidos diversos materiais de informação sobre o Caminho de Torres, desde guias, mapas, brochuras, um livro em português, inglês e castelhano.

De acordo com o comunicado, está em desenvolvimento um site e uma aplicação para telemóvel, para além de um conjunto alargado de merchandising dirigido aos peregrinos e está também está a ser realizado o processo de certificação do Caminho de Torres.

Segundo os promotores, o investimento global é de cerca de um milhão de euros, co-financiado a 85% pelo Programa Operacional Regional do Norte (Norte 2020), através do FEDER (Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional).

O projecto começou a ser desenvolvido em 2017 e, na íntegra, o caminho de Torres liga Salamanca a Santiago de Compostela, em Espanha, tem cerca de 600 quilómetros e foi estruturado em 24 etapas que podem ser percorridas em 24 dias de caminhada.

Este percurso atravessa três concelhos da região Centro e 15 do Norte e liga, segundo a organização, localidades “importantes para o imaginário medieval jacobeu” como Lamego, Amarante, Guimarães, Braga e Ponte de Lima.

O Caminho de Torres, que adoptou o nome do peregrino Diego de Torres Villarroel (1694-1770), é um dos quatro itinerários jacobeus estruturados em Portugal, designadamente o Caminho da Costa, Caminho do Interior, Caminho Central, Caminho de Torres.

Nos dias 17 e 18 de Junho irá decorrer o “I Congresso Internacional do Caminho de Santiago - Caminho de Torres”, presencialmente no Centro Cultural de Amarante e também em formato “online”.

O congresso contará com especialistas do caminho nacionais e internacionais e, segundo a organização, pretende ser um “momento de alargada discussão e reflexão, de carácter multidisciplinar, dedicado aos Caminhos de Santiago em Portugal”.

Procurar-se-á, neste âmbito, debater o papel do património enquanto oportunidade na definição de uma estratégia territorial, bem como a gestão regional e inter-regional de bens patrimoniais, tomando como exemplo a experiência associativa das cinco comunidades intermunicipais em torno do Caminho de Torres.

Em Julho, o Caminho de Torres será apresentado em Salamanca e em Santiago de Compostela, iniciativas que decorrerão também em formato híbrido.

De acordo com o comunicado, “toda a estratégia promocional está a ser articulada a nível regional e nacional com as entidades que promovem os Caminhos de Santiago, nomeadamente a Turismo do Porto e Norte de Portugal e o Turismo de Portugal”.