Serão, afinal, 5000 as vacinas inutilizadas por uma falha de energia em Famalicão

Todas as pessoas que estavam convocadas para fazer esta quinta-feira a vacinação estão a ser imunizadas. As autoridades de saúde abriram um inquérito para apurar as causas e devidas responsabilidades da situação.

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José Coelho/Lusa/Arquivo

Uma falha de energia deixou cerca de cinco mil vacinas inutilizáveis esta madrugada no centro de vacinação de São Cosme, em Famalicão. As vacinas deveriam ser administradas durante esta semana.

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Uma falha de energia deixou cerca de cinco mil vacinas inutilizáveis esta madrugada no centro de vacinação de São Cosme, em Famalicão. As vacinas deveriam ser administradas durante esta semana.

Alguma incerteza pairou sobre o número das doses estragadas esta manhã: a autarquia deu conta inicialmente de 3500, o coordenador da task force diminuiu para 2400, e o secretário de Estado Adjunto e da Saúde acabou por confirmar cerca de 5000, número também dado ao PÚBLICO pela Administração Regional de Saúde (ARS) Norte.

Ao PÚBLICO, José Agostinho, assessor da Câmara de Famalicão, confirmou, de manhã, o acidente: “Houve uma falha de electricidade não detectada durante a noite que teve essa consequência no centro de vacinação.” A mesma fonte adiantou que à autarquia foi inicialmente reportado pelas autoridades de saúde locais que 3500 vacinas teriam ficado estragadas.

O coordenador da task force referiu na conferência de imprensa de actualização do plano de vacinação contra a covid que em causa estariam 2400 vacinas. Mais tarde, de acordo com a agência Lusa, o secretário de Estado Adjunto e da Saúde, António Lacerda Sales, confirmou tratarem-se, afinal, de 5000 doses de vacinas da AstraZeneca e da Pfizer — das quais "uma pequena parte” poderá ser aproveitada, embora se trate de uma quantidade residual. O mesmo número foi apurado pela ARS Norte, que adiantou que “já foi aberto um processo de inquérito para apurar o que aconteceu”.

“Estas vacinas serão, obviamente, substituídas e ninguém ficará por vacinar”, afirmou António Lacerda Sales, no final da cerimónia de entrega da Bolsa D. Manuel de Mello, no Porto. A mesma fonte da ARS Norte afirmou ao PÚBLICO que “todas as pessoas que foram convocadas para serem vacinadas hoje [quarta-feira] estão a ser imunizadas com vacinas que estavam disponíveis noutros agrupamentos de centros de saúde”. “Todas as convocatórias estão a ser cumpridas”, reforçou, esclarecendo que as vacinas deslocados de outros centros de saúde não criarão limitações na vacinação de pessoas desses locais.

O secretário de Estado e Adjunto da Saúde lembrou que num processo em que se vacinam dez milhões de pessoas é natural que ocorram “falhas como estas e outras que também já aconteceram”. “São situações que no meio de uma logística tão complexa podem acontecer e todos o compreenderão”, reforçou.

Percentagem de desperdício é “ínfima”

Na conferência de imprensa de actualização do plano de vacinação, o coordenador da task force para a vacinação contra a covid-19 acrescentou que problemas deste género irão sempre acontecer, e que dos quase 3 milhões de vacinas recebidas, perdeu-se em incidentes “uma percentagem ínfima” quando comparado com aquele número. “Conseguir fazer processo desta dimensão sem erro, é impossível. O que temos de fazer é limitar os erros ao máximo e investigar os incidentes desta natureza. E um inquérito está a ser lançado para perceber as causas e corrigi-as ou se for negligencia ou dolo aplicar as consequências necessárias”, disse o vice-almirante.

Segundo a agência Lusa, o presidente do município, Paulo Cunha, explicou, numa conferência de imprensa no final desta manhã, que a falha energética apenas se registou na parte do complexo onde estão armazenadas as vacinas. No entender do autarca, se os seguranças que asseguram a vigilância exterior do complexo tivessem autorização das autoridades de saúde para aceder a esse espaço esta situação poderia ter sido evitada, sendo que o que aconteceu deve levar à mudança de procedimentos.

“Se essa equipa de segurança estivesse, como eu acho que devia estar, autorizada a aceder ao espaço onde estão armazenadas as vacinas, isto não teria acontecido, porque quem faz a vigilância tem o compromisso de, a cada 30 minutos, verificar determinados espaços dentro do local objecto dessa mesma vigilância. Isto não aconteceu porque o espaço [onde estão as vacinas] está fechado”, lamentou Paulo Cunha. O centro de vacinação encontra-se a funcionar normalmente.