Foi o povo quem esvaziou a “piscina dos grandes”
Protestos populares, com direito a manifestações na rua, pressão aos donos dos clubes e, em geral, muita indignação nas redes sociais. Foi pela pressão dos adeptos que a elitista Superliga europeia começou a ruir na terça-feira à noite e se autodestruiu na manhã seguinte.
Em vésperas do 25 de Abril, o povo foi quem mais ordenou no futebol europeu. Protestos populares, com direito a manifestações na rua, pressão aos donos dos clubes e, em geral, muita indignação nas redes sociais. Foi em grande parte esta pressão popular que esvaziou a “piscina dos grandes”: a elitista Superliga europeia começou a ruir na terça-feira à noite e autodestruiu-se na manhã seguinte.
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Em vésperas do 25 de Abril, o povo foi quem mais ordenou no futebol europeu. Protestos populares, com direito a manifestações na rua, pressão aos donos dos clubes e, em geral, muita indignação nas redes sociais. Foi em grande parte esta pressão popular que esvaziou a “piscina dos grandes”: a elitista Superliga europeia começou a ruir na terça-feira à noite e autodestruiu-se na manhã seguinte.
Os adeptos do Chelsea e do Liverpool foram os mais enérgicos e apaixonados na luta contra a Superliga e tiveram uma importância tremenda: foi sobretudo pelos protestantes “blues”, em Londres, que o desdém global a esta competição ganhou contornos práticos, junto a Stamford Bridge, ajudando a “espicaçar” mais ainda as instituições para uma pressão mais efectiva.
Foi o rastilho de que precisaram Chelsea e Manchester City, numa primeira fase, e os restantes ingleses, mais tarde, para abandonarem o projecto.
Cerca de 48 horas depois do anúncio da Superliga, os “dirty 12” – epíteto usado pelo presidente da UEFA, Aleksander Ceferin, para definir os 12 fundadores da Superliga – passaram a ser só meia dúzia, depois de os seis clubes ingleses terem reclamado o estatuto de “desertores”.
Já nesta quarta-feira, Liverpool, Arsenal e Manchester United reconheceram o poder dos adeptos e pediram desculpa pelo erro que cometeram ao decidirem, à revelia dos fãs, juntarem-se aos “dirty 12”.
O testemunho mais directo foi mesmo o de Joel Glazer, um dos donos do United, numa carta escrita aos adeptos. “Todos vocês deixaram bem clara a vossa oposição à Superliga europeia e nós ouvimos. Errámos e queremos mostrar que podemos corrigir as coisas. Ainda que as feridas estejam abertas – e eu compreendo que vai levar tempo até que as cicatrizes estejam saradas –, estou pessoalmente comprometido em reconstruir a confiança dos nossos adeptos e aprender com a mensagem que todos vocês deixaram com grande convicção”, escreveu.
12 horas de dissidências
No final da noite de terça-feira, o projecto, apesar do rombo tremendo, ainda estava de pé. Havia os poderosos espanhóis e italianos e a Superliga, que reconheceu o poder da pressão do povo nos clubes ingleses, ainda procurava uma forma de se reinventar.
“Apesar da saída anunciada dos clubes ingleses, forçados a tomar essas decisões pela pressão exterior que sofreram, estamos convencidos de que a nossa proposta está totalmente alinhada com a lei e as regulamentações europeias. Tendo em conta as actuais circunstâncias, vamos reconsiderar os passos apropriados para reformular o projecto”, escreveram.
O problema foi o que aconteceu na manhã seguinte. O nascer do sol foi o morrer da Superliga, com os clubes italianos (Inter de Milão, AC Milan e Juventus), acompanhados do Atlético de Madrid, a seguirem o exemplo inglês e aumentarem o lote de dissidentes.
Em cerca de 12 horas, o projecto elitista para a nata do futebol europeu – não necessariamente a nata desportiva, mas a financeira – ficou quase vazio. Real Madrid e Barcelona ficaram com a “criança” no colo e, sozinhos, parecem ter pouco por onde escapar.
O Barcelona, diz a agência EFE, não quer, porém, dar-se por vencido. Fala de negociações nos próximos dias.