Iniciativa Liberal acusa organização do desfile do 25 de Abril de a impedir de participar

O partido diz que a sua presença na descida da Avenida da Liberdade, no próximo domingo, foi recusada pela Associação 25 de Abril, a entidade responsável pela organização do evento. Mas o partido irá desfilar.

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Apesar da recusa da organização, a Iniciativa Liberal irá marcar presença no evento dr

A Iniciativa Liberal (IL) queixa-se de que está a ser afastada do tradicional desfile do 25 de Abril, que este ano regressa à Avenida da Liberdade (em 2020 a situação pandémica deixou a Avenida excepcionalmente deserta e silenciosa). Em comunicado, o partido acusa a comissão promotora do evento, a Associação 25 de Abril (A25A), de impedir a participação dos liberais, embora esteja garantida a participação dos partidos que integram a comissão, “ou seja, aos partidos do espaço socialista e a um conjunto de organizações associativas e sindicais”, lê-se no comunicado da IL.

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A Iniciativa Liberal (IL) queixa-se de que está a ser afastada do tradicional desfile do 25 de Abril, que este ano regressa à Avenida da Liberdade (em 2020 a situação pandémica deixou a Avenida excepcionalmente deserta e silenciosa). Em comunicado, o partido acusa a comissão promotora do evento, a Associação 25 de Abril (A25A), de impedir a participação dos liberais, embora esteja garantida a participação dos partidos que integram a comissão, “ou seja, aos partidos do espaço socialista e a um conjunto de organizações associativas e sindicais”, lê-se no comunicado da IL.

O presidente da A25A, Vasco Lourenço, disse à Lusa que a Direcção-Geral de Saúde já definiu um conjunto de regras sanitárias para o evento e que será divulgado um comunicado com mais detalhes sobre a forma como será realizado o desfile de domingo em contexto pandémico.

O “não” da AA25A terá chegado depois de a IL ter contactado a organização “com vista a acertar os detalhes da participação no desfile”. Em resposta, a associação informou a IL que a participação não seria possível devido à “situação de excepcionalidade e de limitações relacionadas com a saúde pública”, e que apenas estariam autorizadas a participar as organizações que integram a comissão promotora.

Ora, a limitação da participação às principais organizações que a integram exclui vários partidos, autorizando apenas a participação dos partidos à esquerda: o PS, o BE, o PCP e o PEV (aos quais se soma a CGTP-IN). Na lista de organizações autorizadas estaria também a UGT, mas, tal como em relação ao 1.º de Maio, a organização sindical mantém que ainda não é o tempo de voltar às manifestações de rua.

Num email enviado aos militantes, a IL mostra-se “surpreendida pela recusa” e revela que terá insistido com a organização através do líder do partido, João Cotrim de Figueiredo, que contactou directamente o presidente da A25A, Vasco Lourenço. Mas a organização foi irredutível.

IL mantém intenção de desfilar

Em reacção, o partido sublinha que as celebrações do 25 de Abril “não são exclusivas dos partidos de esquerda, nem de organizações satélites” e que, se cumprindo as orientações da DGS existe a possibilidade de diversas entidades e partidos participarem, “não é aceitável que se exclua a Iniciativa Liberal”.

“A liberdade e a democracia não foram conquistadas só para alguns, nem se solidificam num só dia. Exigem um esforço permanente e são um trabalho sempre inacabado”, sublinha João Cotrim de Figueiredo. “Nos dias de hoje, em que tantas liberdades e direitos são postos em causa, é ainda mais importante lutar, lutar todos os dias, pela liberdade e pela afirmação dos valores liberais em Portugal”, argumenta o líder e deputado.

Ao jornal Expresso, Vasco Lourenço, “lamenta”, mas diz que “face às regras da pandemia”, a organização foi obrigada a “restringir o número de participantes” e não irá abrir excepções. "Normalmente o que se passa ali na Avenida da Liberdade, no 25 de Abril, mais do que um desfile é uma grande manifestação, aliás a maior que acontece todos os anos desde 1974. Mas este ano estamos a desencorajar as pessoas, não apelamos à participação popular, porque, face à pandemia, será apenas um desfile limitado”, afirma o presidente da A25A.

Apesar da recusa da organização, a IL mantém o objectivo de celebrar o dia participando no desfile na Avenida da Liberdade, como faz desde que se formalizou enquanto partido (em 2018), e tem encontro marcado na rotunda do Marquês de Pombal às 15h. Mas Vasco Lourenço considera “difícil” que a PSP autorize. “No mesmo local à mesma hora? Isso é com as autoridades. Mas creio que será difícil: se num espectáculo só entra um número limitado de pessoas agora, o mesmo se passa num desfile”, diz ao semanário Expresso.

Em reacção à notícia, a deputada não-inscrita Joacine Katar Moreira defendeu a participação da IL no desfile, lembrando que a Iniciativa Liberal votou para que a deputada não-inscrita pudesse intervir na comemoração do 25 de Abril na Assembleia da República.

“A esquerda votou contra. A AR decidiu que seria a IL a abrir as comemorações de 25 Abril e não uma mulher de esquerda”, escreveu na sua conta de Twitter. “Hoje a A25 Abril rejeita a participação da IL na marcha. A AR não tem espírito de Abril?”, pergunta Joacine Katar Moreira.

Notícia alterada: acrescentado o segundo parágrafo